Pe. Gilberto Kasper *
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Durante o primeiro mês do ano acompanhamos os mais diversos Veículos de Comunicação divulgando amplas reportagens por um Trânsito mais educado, humano e menos violento. Já conhecemos as estatísticas assustadoras de vítimas do trânsito principalmente da cidade de Ribeirão Preto. Insisto, como muitos sociólogos, na afirmação de que o trânsito de uma cidade demonstra o grau de educação do povo da mesma. E então nossa resposta se dá na estatística do elevado número de óbitos e fraturados. Todos, frutos de nosso egoísmo, falta de atenção, sensibilidade, raiva, pressa, sem falar nas constantes infrações que vamos cometendo, como avançar sinal vermelho, vias preferenciais sem observar a Placa “PARE”, falando ao celular e acelerando para que ninguém nos ultrapasse.
Ninguém escapa da tragédia em que se transformou o trânsito de nossa Metrópole. Tem-se a impressão de que motoristas, motociclistas e nem por último transeuntes pedestres fazem questão de viver no limite do perigo, colocando, igualmente, a vida dos outros em risco iminente de morte.
As grandes avenidas se tornam cada vez mais perigosas. Já nos bairros, as vias preferenciais são desrespeitadas com boa sinalização ou não. Mesmo assim a fiscalização por radares continua “atrás das moitas” de grandes avenidas. A arrecadação seria bem superior, se os Guardas multassem abertamente mais naquelas vias tão amplamente divulgadas pelas reportagens exibidas nesse primeiro mês do ano. As multas seriam bem mais volumosas e a pontuação nas carteiras de habilitação talvez sensibilizassem mais nosso povo pela punição, já que transitam, egoisticamente, sem educação.
Alguns afirmam que a sinalização da cidade está precária. Não concordo. Observo carros e motos ignorarem os sinais mais visíveis e evidentes, sem nenhum escrúpulo. Os acidentes já se tornaram tão triviais, que nos acostumamos a eles sem nenhuma indignação. Por isso certos psicanalistas afirmam que as pessoas estilam ódio, raiva e desalentos no trânsito, como “válvulas de escape”, sem importarem-se mais com o valor da vida, como se espera do ser humano.
O desrespeito no trânsito começa com a não observância dos sinais. Passa depois para xingamentos mal-educados e muitas vezes agressivos. Daí para uma batida ou atropelamento basta mais alguns segundos e pronto. Não vejo por que a facilitação de armas em nosso País, já tão menos pacífico do que há alguns anos. A má condução de qualquer veículo se tem tornado armas perigosas, ferindo e matando como nunca antes. Por isso meu apelo a todos os queridos interlocutores: não procuremos culpados fora de nós mesmos; façamos cada um, nossa parte, reassumindo com responsabilidade o valor da própria vida e da vida do próximo. Só assim o trânsito deixará de ser uma tragédia. Causaremos menos despesas na Saúde, no bolso e certamente evitaremos um número bem menor de mortes causado pela simples irresponsabilidade ao volante!
O trânsito continua matando! No último dia 29 de janeiro morreu o motociclista Paulo Sérgio Porfírio, de apenas 54 anos de idade, “vítima de um atropelamento na madrugada da sexta-feira, dia 26 de janeiro, no cruzamento das ruas Prudente de Moraes e Garibaldi, região central de Ribeirão Preto. Porfírio trabalhava como entregador do jornal Tribuna Ribeirão, completaria 10 anos de casa em agosto próximo”. “Ele aguardava no sinal vermelho quando, por volta de 04h30, teria sido atingido por trás por um veículo não identificado e que se evadiu do local, sem prestar socorro. Ele era casado e deixou dois filhos, um de 17 e outro de 19 anos de idade” (cf. publicação do Jornal Tribuna Ribeirão de 30/01/2024).
Com esse meu artigo, expresso minha solidariedade aos familiares do falecido Paulo Sérgio Porfírio, e presto a ele minha sincera homenagem, suplicando a quem o atropelou, que assuma as consequências de seu ato, tenha sido por fatalidade ou por falta de responsabilidade. E minha súplica se estende aos queridos leitores, de que sejamos mais humanos – Anjos de Guarda uns dos outros – porque infelizmente o trânsito continua matando!
* Teólogo, reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres; pároco da Paróquia Santa Teresa D’Ávila, presidente do Fraterno Auxílio Cristão de Ribeirão Preto e jornalista