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O som da História

Historiadores curiosos lançam seus olhares para o passado das nos­sas vidas em busca das chaves porventura existentes para compreender o nome pelo qual foram batizadas nossas pátrias e até mesmo nossas cidades. De onde teria saído o extravagante nome do Rio de Janeiro? Não poderia ser Rio de Fevereiro ou talvez Rio de Dezembro? E Ribei­rão Preto não poderia ser Ribeirão Verde? Quem teria, no exercício de um poder paternal, ter pronunciado ou indicado o nome e o sobreno­me na pia batismal de nossas cidades? Para ouvir o passado vale a pena ouvir os primeiros dias da cidade de Jardinópolis que recebeu verda­deiros impulsos republicanos.

Recebemos no passado a notícia segundo a qual o nome “Jardinó­polis” não derivava dos vários e belíssimos jardins que ornamentavam e ainda ornamentam a cidade, mas, sim, do grande brasileiro Silva Jardim. Quem foi Silva Jardim?

Silva Jardim nasceu na cidade de Capivari, Estado do Rio de Janei­ro, em 1860 e faleceu em Pompeia, na Itália em 1891. Hoje Capivari chama-se Silva Jardim.

O nosso patrono estudou direito na até então única faculdade brasileira, já então sediada no Largo de São Francisco. Casou-se em São Paulo, onde não só foi advogado e político, como também professor e talvez o primeiro orientador e planejador das escolas primárias.

Silva Jardim converteu-se no mais extraordinário orador brasileiro. Era reconhecidamente um patriota e combatente em favor da democracia. Como republicano propunha uma evolução histórica com veemência e ca­lor humano. Portanto pregava o fim da monarquia com o afastamento de D. Pedro II do trono, substituindo-o pelo povo. Os documentos da época afirmam que Silva Jardim foi um dos mais notáveis políticos da época.

Propunha um regime no qual o rei não seria a fonte do poder (“Rex est Lex”). Lutou bravamente para substituir o rei pelo povo brasileiro, com a instituição da república, ou seja, “Lex est Rex”. Neste sentido o homem do povo estaria autorizado a fazer o que quisesse, menos agir violando a lei criada pelo povo. Ao contrário, o Estado e qualquer das suas autoridades estariam proibidos de interferir na liberdade do ho­mem comum, salvo se autorizados por lei criada pelo povo brasileiro.

Esses padrões de convivência haviam sido propostos pelo suíço Jean Jacques Rousseau nascido em Genebra em 1712 e falecido em 1778. Foi um dos mais notáveis filósofos do iluminismo, influindo notadamente na estruturação da República Francesa, surgida com a Revolução de 1789.

No Brasil derrubada a monarquia e substituída pela república, Silva Jardim candidatou-se na primeira eleição quando foi derrotado, lutan­do bravamente pelos seus argumentos democráticos. Deve-se registrar que os primeiros Presidentes da República eram militares que até então haviam aplicado as ordens provindas da monarquia. Silva Jardim não manteve aproximação com nossos primeiros presidentes da Repúbli­ca. Resolveu assim exilar-se no país mais democrático do ocidente, a França, levando consigo sua esposa e seus filhos.

Tendo sido convidado a conhecer o Vesúvio, partiu para Pompéia. Já no cair da noite, aproximou-se do vulcão que surpreendentemente iniciou uma erupção, lançando Silva Jardim em sua cratera fumegante, aonde veio a falecer.

Sabe-se que os países sul-americanos até hoje têm grande dificulda­de para construir suas repúblicas pelos caminhos abertos por Rousseau e Silva Jardim.

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