Fabiano Ribeiro
Antes de escrever e contar um pouco da história da Chavala Talhada, temos que falar sobre o nome da banda, que por sinal, é uma das histórias. Batemos um papo online com José Sales ou o Zé, como muitos o chamam. Zé que às vezes vira Zé Chavala.
Ele explica que o nome surgiu quando a banda ainda estava em formação, em 1999, durante as aulas de cursinhos pré-vestibulares. “Tinha uma menina portuguesa e um amigo a chamava de chavala. Parecia meio ofensivo, mas ele explicou que era assim que as meninas que estavam virando mulheres eram chamadas em Portugal, sem qualquer ofensa. Isso ficou na nossa cabeça”.
O complemento também tem origem nas aulas de cursinho. “Estávamos em aula de geografia quando um professor soltou uma explicação com a palavra talhada. Aquilo ficou na nossa cabeça. Brincamos. Chavala Talhada. Deu um trava língua. O mesmo número de letras e vogais. Foi assim que nasceu o nome Chavala Talhada ou menina bonita”.
Atualmente, por conta das redes sociais e da dificuldade de pronúncia, a banda tem usado apenas o Chavala. “Vai ter show do Chavala. E assim por diante. Não tem nenhuma banda com nome parecido. Somos o Chavala Talhada, mas para facilitar na pronúncia e nas redes sociais, temos usado apenas Chavala”, diz Zé.
No nascimento da Chavala, a banda tinha como intenção compor canções e a participação em festivais de escolas em Ribeirão Preto. “O de maior relevância no início da banda foi o FeCOC de 2000, ganhamos o primeiro lugar e melhor interpretação com a música Qualquer. Depois desse vieram mais, e com isso a oportunidade de tocarmos em espaços como o Circo Voador e a Fundição Progresso, no Rio de Janeiro”, lembra Zé.
Da primeira formação em 1999, apenas José Sales, o Zé, vocalista, permaneceu. Hoje, além dele a banda é formada por Adriano Martins (baterista), Thadeu Schmidt (baixo), Walter Oliveira (guitarra), Jader Marcolino (trombone) e Mario Amorim (trompete).
Mensagens
Zé diz que a banda acredita que a música tem um grande poder de transformação no ser, tanto social quanto espiritual. “Boa parte de nossas músicas trata do amor, dor e paciência. Também nos pautamos na rotina maçante, pressão social, alienação e questões existenciais. A ideia básica é firmada na positividade como caminho essencial para a emancipação da alma”, ressalta.
Trabalhos
Chavala Talhada tem quatro álbuns oficiais além de um EP, várias demos e gravações ao vivo. O último chama-se “Luxo Tóxico e a Maravilha Curativa”. São oito faixas que foram gravadas no final de 2018 e lançadas no decorrer de 2019.
“É o primeiro gravado em parceria com o produtor Fábio Fonzare, do Fonzare Estúdio, em Pradópolis. Antes havíamos gravado quatro músicas no formato ‘live’, também em Pradópolis, o que foi crucial para o escolhermos o Fonza como o produtor. Nossa experiência com os outros discos dinamizou o processo de captação. Tudo durou cerca de 3 semanas, fora mixagem e masterização”, explica o vocalista.
O lançamento foi feito nas principais plataformas de streaming. “Foi nosso primeiro álbum sem distribuição em mídia física, já obsoleta – e a repercussão foi positiva. Ainda estamos engatinhando no engajamento virtual, temos conversado bastante em como gerar conteúdo em nossas redes já que a música em si não parece ser mais o único foco do artista. O Fonzare também tem nos ajudado nisso.”
O presencial e o online
Zé fala que a banda foi forjada na noite alternativa de Ribeirão Preto e dos desafios em se enquadrar no ambiente virtual. “São 21 anos de existência e, pelo menos, oito anos nessa formação. Há 10 anos os smartphones não eram comuns e a interação social era feita basicamente no corpo a corpo. Havia o Orkut e outras fagulhas do que viria a se transformar a internet, mas o trabalho todo era feito nas ruas. Lembro que imprimíamos milhares de folhetos para panfletar pela cidade, convidando os interessados a nos assistirem no saudoso Bronze Night Club da avenida 9 de Julho. Atualmente mantemos nossas redes ativas, Instagram, Facebook, YouTube, entre outras. O desafio é gerar conteúdo diário para manter nossos seguidores abastecidos e ampliar nossas redes. É um trabalho árduo e nem sempre ficamos satisfeitos com ele. Seguimos nos aprimorando e nos cobrando.”
Novas canções e a pandemia
A Chavala começou 2020 com dois objetivos: geração de conteúdo para redes sociais e composição de novas canções. “Nossa maior felicidade é quando surge algo novo. É muito satisfatório quando concluímos uma nova música e a apresentamos para o público. Isso ainda é potencializado quando a aceitação da nova obra é positiva. No final de 2019 começamos a composição de FrevSka, uma música que mistura frevo e ska com uma letra que tende ao kardecismo. Há muita energia nela.
Havíamos planejado – em nossos ensaios ordinários às terças-feiras – a pré-produção dessa canção. Gravaríamos em nosso estúdio para, posteriormente, levarmos a ideia para um estúdio profissional. Fomos obviamente surpreendidos pelo novo cenário de crise sanitária no mundo e prontamente nos recolhemos em isolamento, cada um em sua casa”, conta.
Zé relata que a banda mantem contato por meio der WhatsApp e continua “cozinhando” as ideias de maneira online. “Fizemos algumas lives para interagir com o público, em caráter de teste, e pretendemos desenvolver esse recurso torcendo ainda para que possamos sair dessa situação o mais breve possível e retornarmos aos trabalhos nos palcos da vida”, finaliza.