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O som alternativo da Chavala Talhada

MARCOS WEISKE

Fabiano Ribeiro

Antes de escrever e contar um pouco da história da Chava­la Talhada, temos que falar sobre o nome da banda, que por sinal, é uma das histórias. Batemos um papo online com José Sales ou o Zé, como muitos o chamam. Zé que às vezes vira Zé Chavala.

Ele explica que o nome surgiu quando a banda ainda estava em formação, em 1999, durante as aulas de cursinhos pré-vestibulares. “Tinha uma menina portuguesa e um ami­go a chamava de chavala. Pa­recia meio ofensivo, mas ele explicou que era assim que as meninas que estavam virando mulheres eram chamadas em Portugal, sem qualquer ofensa. Isso ficou na nossa cabeça”.

O complemento também tem origem nas aulas de cur­sinho. “Estávamos em aula de geografia quando um profes­sor soltou uma explicação com a palavra talhada. Aquilo ficou na nossa cabeça. Brincamos. Chavala Talhada. Deu um tra­va língua. O mesmo número de letras e vogais. Foi assim que nasceu o nome Chavala Talhada ou menina bonita”.

Banda nasceu em 1999 e tinha como intenção compor canções e a participação em festivais de escolas em Ribeirão Preto

Atualmente, por conta das redes sociais e da dificuldade de pronúncia, a banda tem usado apenas o Chavala. “Vai ter show do Chavala. E assim por diante. Não tem nenhuma banda com nome parecido. Somos o Chavala Talhada, mas para facilitar na pronúncia e nas redes sociais, temos usa­do apenas Chavala”, diz Zé.

No nascimento da Chavala, a banda tinha como intenção compor canções e a participa­ção em festivais de escolas em Ribeirão Preto. “O de maior relevância no início da banda foi o FeCOC de 2000, ganha­mos o primeiro lugar e melhor interpretação com a música Qualquer. Depois desse vie­ram mais, e com isso a opor­tunidade de tocarmos em es­paços como o Circo Voador e a Fundição Progresso, no Rio de Janeiro”, lembra Zé.

Da primeira formação em 1999, apenas José Sales, o Zé, vocalista, permaneceu. Hoje, além dele a banda é formada por Adriano Martins (bateris­ta), Thadeu Schmidt (baixo), Walter Oliveira (guitarra), Ja­der Marcolino (trombone) e Mario Amorim (trompete).

Mensagens
Zé diz que a banda acredita que a música tem um grande poder de transformação no ser, tanto social quanto espiritual. “Boa parte de nossas músicas trata do amor, dor e paciência. Também nos pautamos na ro­tina maçante, pressão social, alienação e questões existen­ciais. A ideia básica é firmada na positividade como caminho essencial para a emancipação da alma”, ressalta.

Trabalhos
Chavala Talhada tem qua­tro álbuns oficiais além de um EP, várias demos e gravações ao vivo. O último chama-se “Luxo Tóxico e a Maravilha Curativa”. São oito faixas que foram gravadas no final de 2018 e lançadas no decorrer de 2019.

“É o primeiro gravado em parceria com o produtor Fábio Fonzare, do Fonzare Estúdio, em Pradópolis. Antes havía­mos gravado quatro músicas no formato ‘live’, também em Pradópolis, o que foi crucial para o escolhermos o Fonza como o produtor. Nossa expe­riência com os outros discos dinamizou o processo de cap­tação. Tudo durou cerca de 3 semanas, fora mixagem e mas­terização”, explica o vocalista.

O lançamento foi feito nas principais plataformas de stre­aming. “Foi nosso primeiro álbum sem distribuição em mídia física, já obsoleta – e a repercussão foi positiva. Ain­da estamos engatinhando no engajamento virtual, temos conversado bastante em como gerar conteúdo em nossas re­des já que a música em si não parece ser mais o único foco do artista. O Fonzare também tem nos ajudado nisso.”

O presencial e o online
Zé fala que a banda foi for­jada na noite alternativa de Ri­beirão Preto e dos desafios em se enquadrar no ambiente vir­tual. “São 21 anos de existência e, pelo menos, oito anos nessa formação. Há 10 anos os smar­tphones não eram comuns e a interação social era feita basi­camente no corpo a corpo. Ha­via o Orkut e outras fagulhas do que viria a se transformar a internet, mas o trabalho todo era feito nas ruas. Lembro que imprimíamos milhares de fo­lhetos para panfletar pela cida­de, convidando os interessados a nos assistirem no saudoso Bronze Night Club da avenida 9 de Julho. Atualmente mante­mos nossas redes ativas, Ins­tagram, Facebook, YouTube, entre outras. O desafio é gerar conteúdo diário para manter nossos seguidores abastecidos e ampliar nossas redes. É um trabalho árduo e nem sempre ficamos satisfeitos com ele. Seguimos nos aprimorando e nos cobrando.”

Novas canções e a pandemia
A Chavala começou 2020 com dois objetivos: geração de conteúdo para redes sociais e composição de novas can­ções. “Nossa maior felicidade é quando surge algo novo. É muito satisfatório quando con­cluímos uma nova música e a apresentamos para o público. Isso ainda é potencializado quando a aceitação da nova obra é positiva. No final de 2019 começamos a composi­ção de FrevSka, uma música que mistura frevo e ska com uma letra que tende ao karde­cismo. Há muita energia nela.

Capa do trabalho Luxo Tóxico e a Maravilha Curativa, feito ano passado

Havíamos planejado – em nossos ensaios ordinários às terças-feiras – a pré-produção dessa canção. Gravaríamos em nosso estúdio para, posterior­mente, levarmos a ideia para um estúdio profissional. Fomos ob­viamente surpreendidos pelo novo cenário de crise sanitária no mundo e prontamente nos recolhemos em isolamento, cada um em sua casa”, conta.

Zé relata que a banda man­tem contato por meio der WhatsApp e continua “cozi­nhando” as ideias de maneira online. “Fizemos algumas lives para interagir com o público, em caráter de teste, e preten­demos desenvolver esse re­curso torcendo ainda para que possamos sair dessa situação o mais breve possível e retornar­mos aos trabalhos nos palcos da vida”, finaliza.

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