Tribuna Ribeirão
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O ser humano quer comer, ser feliz, respirar liberdade!  

José Eugenio Kaça *
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A violência é inata ao ser humano, embora algumas vezes na história humana a benevolência e a pacividade tivessem alguns breves momentos de protagonismo. A ideia metafórica do filosofo inglêsThomas Hobbs afirmando: “que o homem é o lobo do homem” produzida no século 17, confirma que o ser humano é o maior inimigo do ser humano. E para tentar coibir este conceito de humanidade descobriu-seàeducação, que é a forma que o ser humano encontrou para transmitir os valores e costumes que uma comunidade transfere de uma geração para a geração seguinte, e essa educação vai formando os indivíduos através de experiências vividas por cada individuo ao longo da vida. Para Paulo Freire,a educação é um processo de criação de conhecimento e da transformação da realidade, e deve ser libertadora, e não dominadora, e deve ser baseada na ação-reflexão humana.

Acontece que essa educação libertadora, nunca conseguiu ultrapassar os muros escolares da educação básica. E com isso a educação dominadora dominou os parametros da educação, principalmente da educação básica. Mesmo sendo inata ao ser humano, à violência pode ser minimizada através da educação, no entanto, o domínio de uma educação dominadora sobre a educação libertadora aprofundou a violência. Fala-se muito na explosão da violência urbana, acontece que está violência não surgiu agora, ela sempre esteve presente, e está ligada ao processo educacional. A violência no ambiente escolar era considerada natural até o fim do famigerado golpe cívico-militar, e a Promulgação da Constituiçãi cidadã.Faziam parte dos castigos fisícos impingidos aos alunos: puxões de orelhas, reguadas, cascudos, que eram consideradas coisas suaves, pois no passado havia a temída palmatória, um instrumento de tortura introduzido na educação pelos Jesuítas.Eraum instrumento geralmente de madeira, com uma base de formato elíptico e um cabo, está base tinha furos não transfixo, formando uma cruz, e era ultilizada para bater nas mãos dos alunos para disciplina-los. E este instrumento fazia parte da estrutura escolar como se fosse uma matéria curricular.

E o resultado dessa educação dominadora e violenta não foi a cidadania, e sim a segregação social,não contribuiu para a solidariedade, a empatia, o respeito as leis e ao próximo. A violência sempre foi a ferramenta que as elites donas do poder, através das forças de seguranças  usam para intimidar e agredir os trabalhadores das periferias pobres. A formação educacional, moral e ética das forças de seguranças estaduais, priorizamo uso da violência criminosacontra a população das periferias esquecidas pelo Estado, composta majoritáriamente de pretos e pobres. O uso explícito da violência polícial, principalmente da polícia militar, só acontece nas periferias pobres, pois as abordagens feitas nas áreas consideradas nobres são feitas respeitando as leis, pois segundo o coronel Mello, vice-prefeito eleito de São Paulo e ex-comandante da Rota, nas áreas nobres a abordagem tem que ser civilizada. Este contexto mostra como é explicita a segregação contra as pariferias pobres e pretas.

O livro do jornalista Caco Barcelos; “Rota 66, a polícia que mata”, publicado em 1995, baseado em pesquisas documentais, mostra a atuação da Rota (Ronda Ostensiva Tobias de Aguiar) durante a ditadura militar, onde a policiais da Rota saiam para caçar nas periferias pobres, e eram exaltados pela imprensa que cheirava difunto, e admirados por parte da população, pois o slongan “bandido bom é bandido morto” era aceito com naturalidade. Agora na terceira década do século 21, a história se repete, com a polícia militar prendendo, julgando e condenando a morte pretos e pobres das periferias, incentivados pelo secretário de segurança, que afirmou: “policial que trabalha nas ruas, se não tiver pelo menos três mortes nas costas, não merece respeito” – a senha foi dada.

A educação são valores, hábitos e costumes que são transferidos de uma geração para a geração seguinte, e vai formando o caráter através de situações presenciais e experiências ao longo da vida. Que valores essa geração está transmitindo para as gerações seguintes? Não é a solidariedade, nem o amor ao próximo, o que estamos transmitindo é a segregação social,o ódio, a  destruição e a violência!

* Pedagogo, líder comunitário e ex-conselheiro da Educação
 

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