Os otimistas e os amantes da paz, profetizaram para o século 21, um século de crescimento da humanização, e dos valores espirituais, e que o ódio seria aos poucos substituído pelo amor, mas se esqueceram que no sistema capitalista, o poder é exercido por apenas um por cento da população, que são os donos dos meios de produção e do capital financeiro, e como donos do poder não permitem que o valor da vida humana tenha qualquer equidade com os valores financeiros, inventaram o “deus” mercado, e como “deus” é adorado, e esse “deus” cuida para que tudo não fuja ao controle da grana.
Se olharmos o processo histórico do desenvolvimento humano, principalmente o ocidental, veremos que não há motivos para sermos otimistas e acreditar num processo de paz e amor. O século 21, ao invés de trazer a luz e a concórdia trouxe as trevas e a discórdia, e nos céus do Brasil, os urubus tomaram o lugar dos colibris, e o ódio se proliferou. O ódio que pseudo cristãos nutrem contra outros seres humanos é abissal, pois cultuam em seus âmagos o prazer de ver estampado nos rostos de outros seres humanos o sofrimento e a dor de não ter as mínimas condições de viver com dignidade, e defendem a marca do fascismo, que exalta: “Deus, Pátria e família”.
Na minha infância, eu ouvia os adultos falarem que o mundo não era lugar para sonhadores, e que a crueldade fazia parte do cotidiano, apesar disso, afirmavam que a religião era a salvação – quanta incongruência. As décadas se sucederam, e ouve um período no Brasil, que a solidariedade do povo pobre chamava a atenção do mundo – era a cara do País. Mas isso durou pouco, pois a felicidade do pobre incomoda o andar de cima, que nutre a infelicidade sentado em seus tesouros, e não entende que o pobre pode ser otimista e feliz.
Em janeiro de 2015, o jornal francês Charlie Hebdo sofreu um ataque terrorista, que teve como escopo o extremismo religioso ligado ao Islã, deixando o mundo perplexo causando uma comoção mundial – combater o extremismo religioso passou a ser a prioridade. No entanto no Brasil e em parte do mundo chamado civilizado e democrático o fundamentalismo, agora de cunho cristão começou a prosperar, cometendo as mesmas atrocidades que criticaram em 2015, até atentado terrorista com bomba foi programado.
O otimismo e a esperança deram lugar ao fundamentalismo religioso, onde somente a interpretação das Escrituras Sagradas feita pelos chamados “homens de Deus”, passou a ser a verdade absoluta, mesmo que esta interpretação leve ao aniquilamento dos grupos sociais, que segundo essa gente de “bem” – não merecem viver. Sonhar com uma sociedade em que o bem estar dos seres humanos estejam acima dos interesses e do poder da grana, é um sonho que não pode ser sonhado apenas pelos otimistas e amantes da paz – somos a maioria, e somos fortes – vamos fazer estes sonhos virar realidade.