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O selo e o filatelista

Com o progresso e universalização da internet e o uso de vários aplicativos de comunicação, que a tornam instantânea, haverá futuro para a utilização de cartas e, em consequência, continuarão a serem impressos os selos?

Colecionadores espalhados pelo mundo mantêm ricas e completas coleções de selos. Apreciadores se reúnem para tro­cas de exemplares, em feiras e encontros específicos. Catálogos famosos já foram substituídos pelo formato digital, permitindo infinito acesso aos selos dos vários países, inclusive aos daque­les que produzem os mesmos como exemplares artísticos e tornam-se importante fonte de renda.

Tamanha era a quantidade de selos existentes no planeta, que vários colecionadores passaram a se dedicar a coleções temáticas, – como este escrevinhador, que reúne selos sobre cogumelos e automóveis -, sem se esquecer da enorme quanti­dade de timbres antigos em seus álbuns.
Mas, vem a pergunta: se cada vez se escrevem menos cartas, haverá selos para serem trazidos às coleções?

Desde a Idade Média, os senhores feudais mantinham equi­pe de cavalarianos para levar correspondência e encomendas, num sistema de correio restrito à classe alta.
Marco Polo, em seus escritos, chega a salientar a impor­tância dos correios mongóis, que uniam todo o vasto império numa rede que cobria as enormes estepes e montanhas da Ásia. Porém, eram utilizados para uso oficial somente.

O primeiro correio de uso público foi criado no século XV pela família alemã Thurnund Taxis, que abrangia serviços em toda a Europa e servia não só a imperadores e nobres, como se abriu para uso dos cidadãos comuns. Tinha como característi­ca o fato de o caro porte ser pago pelo destinatário, o que criava vários problemas. Muitas vezes, a pessoa a quem a carta era destinada se recusava a pagar. Quando o destinatário pagava, o operador do correio passava a transitar com quantidades de dinheiro que atraíam assaltantes.

Em 1840, um professor do Liceu Britânico, Rowland Hill teve uma ideia que revolucionou o sistema: por que não criar uma estampa, previamente adquirida e paga numa agência do Royal Mail, (criado por Henrique VIII, em 1516) e que indicas­se que o porte da carta ou encomenda já estava pago? Surgia o primeiro selo do mundo, de cor preta, com a efígie da rainha Vitória e no valor de um penny e que passaria a ser conhecido como o penny negro, o Black Penny.

O Brasil foi o segundo país a emitir seus selos, com os hoje valiosíssimos Olhos de Boi de 30, 60 e 90 réis, o que ocorreu em 1843. Em seguida, foi a vez dos Estados Unidos e a prática se estendeu pelo mundo.

Com estas emissões, surgiram os filatelistas, pessoas que caça­vam envelopes utilizados nas correspondências, para deles retirar os selos. Passaram depois a aumentar suas coleções com a compra de páginas de selos ainda não usados. Foram ajudados pelos cor­reios de cada país, que criaram setores filatélicos, como o do Brasil.

Além de hobby, a filatelia é um grande negócio, movimenta milhões de dólares e tornou-se atividade cultural, ao permitir que se conheça a fauna, a flora e a história dos países. Além disto, é exce­lente forma de aproximação de pessoas. Algumas vezes, em certos países, a valorização dos selos suplanta a das bolsas de valores.

Assim, apesar da evidente diminuição no volume de transporte de cartas, a atividade não desapareceu e deverá continuar por bas­tante tempo, mesmo porque, independente da emissão de novos selos, continuará a compra e troca dos antigos, num comércio ao mesmo tempo lucrativo e prazeroso.

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