Todos os dias, em todos os cantos do mundo, os cristãos pedem confiantemente que venha a nós o Reino prometido e inaugurado por Jesus. “Venha a nós o vosso Reino”, diariamente rezamos, diariamente pedimos e diariamente confiamos nesse Reino que já mostra os seus sinais entre nós, mas que na eternidade será total, eterno e sem fim.
Ao enviar os apóstolos, Jesus lhes dá como uma das recomendações anunciar que “o Reino de Deus está próximo”! E, tanto ontem, no tempo de Jesus, quanto hoje, em nossos dias, o Reino está presente entre nós, mas nem sempre conseguimos identificá-lo. São tantos contra testemunhos, tanta violência, mentira, desrespeito para com a vida e as pessoas que nós nos flagramos pedindo o Reino e, por vezes nos desesperamos com a sua demora.
Talvez a imagem de Reino que também confundiu os irmãos Tiago e João confunda alguns que imaginam o Reino de Deus como se fosse semelhante aos impérios de poder ditatoriais que surgem nesse milênio em que vivemos. Os inimigos do Reino, os que trabalham para a “besta” (cf. Ap 13), são experts em confundir e mentir, e assim lançam o desânimo entre os que buscam viver o mandamento do amor que o Divino Mestre ensinou.
Dizem que o diabo joga cartas e que quando vê que está perdendo o jogo, tira da manga a carta do desânimo… Aí começam as pessoas pensar que nada vai melhorar. Mas o Reino de Deus vem! Os seus sinais, observamos indicados naquele Sermão da Montanha em que Jesus fala dos que tomarão parte nesse Reino (Mt 5,6,7); para esse Reino nos dirigimos comprometendo-nos como o faz aparecer o reinado de Cristo entre nós.
A João e Tiago, que buscavam destaque, Jesus ensina o caminho do serviço, da doação da própria vida, do despojamento de si em favor dos outros. Para esse caminho não basta somente falar, é preciso a prática coerente da verdade; servir não é o mesmo que cobrar aos outros o que não fazem; tal cobrança é sim feita através de atitudes que nos mostram empenhados em paralisar as estruturas que geram maldade, as estruturas daquela violência da falta de educação e grosseria que demonstram o mal encalacrado no interior de quem não ama.
O Reino de Deus se mostra naquelas pessoas que servem e cuidam dos pobres, dos prisioneiros, dos doentes sem fazer deles uma bandeira política; o Reino de Deus dá seus sinais quando nós nos unimos em favor daqueles que mais necessitam de cuidados e aos quais não pedimos nada em troca; o Reino de Deus acontece quando a nossa palavra, aquilo que falamos, se comprova por meio da caridade que realizamos. O Reino se mostra quando trabalhamos contra a violência e contra a corrupção.
“O Reino de Deus não é comida nem bebida, mas é paz, alegria e fraternidade”. O Reino de Deus não é teoria e não está à venda em nenhuma imobiliária, pois é gratuito como o coração de nosso Deus que nos ama sem medidas. Esse Reino que todos os dias pedimos que venha, está entre nós; nós colaboramos com ele quando nos fazemos irmãos, próximos, servidores dos que nos estendem as mãos em busca de algo. Tomemos as atitudes necessárias para entrar na Festa do Reino que nunca se acaba. A porta é estreita, então, para que ninguém fique entalado ao chegar, uma recomendação do Mestre para nos acostumarmos aqui com o Reino definitivo que virá. É só ler Mateus 25, 31-46.
Passado o pleito eleitoral espera-se a superação das diferenças partidárias. Saibam os eleitos representar, de verdade, cada cidadão brasileiro, independentemente de ideologias. Ninguém deveria “apropriar-se” de poder, cargo ou prestigio, a não ser para servir incansavelmente a todos os brasileiros. Está na hora de respeitar o Povo Brasileiro, promovendo-o em sua dignidade. Cessem as divergências políticas, dê-se lugar à tão desejada e verdadeira democracia, que contempla cada um e todos os filhos desta “Pátria Amada”, sem excluir ninguém. Somos um País pacífico e lindo. Povo acolhedor e alegre. Não deixemos que nos roubem nossas virtudes, porque uma de nossas identidades marcantes é a bem-aventurança que, mesmo pobres, nos enriquece: “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu” (Mt 5,3).