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O que já mudou e o que não muda

1. Lojas e restaurantes devem evitar aglomeração de pes­soas e manter distanciamento entre as mesas.

2. Os shoppings centers já cobram das locatárias obras para adaptação das instalações em razão das novas exigências sanitárias. E o ar condicionado? Os ambientes serão abertos?

3. Restaurantes terão que evitar a exposição dos alimentos (pistas frias e quentes nos “self services”).

4. Empresários da ACI admitem que 20% das empresas locais não reabrirão após quarentena e 30% fecharão até o final do ano.

5. Escolas que mantiveram atividades “online” acreditam que o ensino presencial só será restabelecido próximo do final do ano.

6. Empresas diversas deram férias (vencidas e antecipadas) aos empregados e devolveram o imóvel pensando que podem realugá-lo após a pandemia (estratégia para economizar aluguel, IPTU, seguranças etc.). A dificuldade dos locadores faz ex-locatários acreditarem que conseguirão voltar a alugar o mesmo prédio quando passar a pandemia.

7. Substituindo as churrascarias, os “espetinhos” vão se multiplicar, tornando-se uma opção de alimentação mais barata (enquanto uns fecham, outros se preparam para abrir).

8. Aumentaram os imóveis comerciais com placas “aluga­-se” (nas avenidas e em outros pontos da cidade).

9. Crescem, nos bairros, os ambulantes (muitas vezes uma Kombi reformada, um fusca recuperado) que estacionam à porta de residências e vendem pasteis, fritas, salgadinhos em geral (não tem um “ponto” comercial, nem pagam aluguel). Devem ser os próximos informais, credores dos 600 reais.

10. Fazem parte dos 2 milhões de novos desempregados no país os trabalhadores locais que também perderam os seus empregos nos últimos dois meses.

11. Neste contingente (que poderá aumentar) não estão os que concordaram em reduzir jornada de trabalho e o salário, porque conservaram o contrato.

12. Como o isolamento social causou uma retração geral das pessoas, os guarda-noites estão dispensáveis, não são contratados.

13. O trabalho à distância (em domicílio, home office, teletrabalho) ganhou adeptos em todos os seguimentos. Tudo indica que não terá volta: empregados e empregadores vão continuar praticando depois da pandemia. Uma nova forma de trabalho (com ou sem emprego), é econômica. Veio prá ficar.

14. Em momentos difíceis, as pessoas ativam a sua criati­vidade, se reinventam. Se solidarizam. Especialmente as das camadas mais necessitadas da população. Estas dividem o que tem. Compartilham o que conquistam. Tudo tem valor. Se acostumaram a enfrentar suas dificuldades. Sofrem juntas, sem perder a sensibilidade, como seres humanos.

Chegam a não se assustar com tragédias, mas a dor as atingem, é inevitável. São de carne, osso, tem alma e devem merecer o mesmo respeito dispensado a todos. A vida sofrida lhes impõe a perda da dimensão dos fatos de cada dia. Daí, o distanciamento social esbarra na própria condição do mundo em que vivem: verdadeiros cortiços. É impossível, nesta hora, cobrar-lhes o mesmo comportamento. É triste, mas é real que assim seja.

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