José Eugenio Kaça *
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A educação básica pública, a cada dois anos entra no radar dos debates políticos eleitorais, mas as soluções propostas nestes debates, são soluções de quem nunca vivenciou o ambiente escolar de uma escola básica pública da periferia pobre. Acontece que no Brasil, a disputa pelo poder político sempre esteve nas mãos dos escravocratas banqueiros e seus herdeiros. E essa “elite”, branca e rica nunca permitiu que uma política de distribuição de renda fosse implantada no País, e usam a deterioração da escola básica pública para manter tudo como sempre foi. Os grandes teóricos da educação básica brasileira nunca são ouvidos para ajudar a planejar e executar um projeto de educação, que nos tire do ostracismo, ao contrario só ouvem os privatistas que odeiam os pobres e pretos que vivem nas periferias.
Os avanços tecnológicos e as pedagogias progressistas, que permitem aos educandos aprender com autonomia, não são permitidas na maioria das escolas públicas. Até a segunda metade do século 20, as escolas reproduziam o modelo fordista, os prédios escolares tinham a aparência de presídios, as matérias eram chamadas de disciplinas, havia uma sirene que avisava a hora de sair da sala para pegar sol, e quem não se adequava era punido. Este modelo de educação repressora foi a grande responsável pela evasão escolar. O retrato da evasão ficou demostrado foi demostrado pelo IBGE, dos alunos matriculados na 1ª série do primeiro grau em 1977, apenas 13% concluíram a 8ª série do primeiro grau em 1984.
Enquanto a educação básica for discutida por políticos entreguistas e lambe-botas a coisa não vai melhorar. A escamoteação é a arma dessa gente. O Brasil tem uma educação básica que só funciona no papel, se alguém vier de outro país, e visitar as secretarias de educação vai encontrar uma educação de qualidade, mas se visitar as escolas vai encontrar uma realidade totalmente oposta, portanto, só funciona no papel. Não há uma política de médio e longo prazo para tirar a educação básica pública do atraso secular. O Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), que foi criado em 2007 para avaliar a educação básica brasileira, cuja as notas vão de 0 a 10, vive a mais há dezessete anos com notas abaixo de 5, e quando algum estado alcança a nota 6 faz festa.
O Estado de São Paulo, o mais rico da federação, que deveria ter a melhor educação básica do País, vive amassando barro sem sair do lugar. As novas propostas não se sustentam – começam bem, mas não duram um semestre. Prometem uma escola inovadora, com os alunos sendo protagonistas, mas como não há uma estrutura adequada, e por não haver uma capacitação dos professores, o projeto é logo abandonado, e a velha educação repressora volta com força, com as mesmas salas de aulas (selas) lotadas, com os alunos enfileirados um olhando a nuca do outro, e a emissão de ocorrências como acontece nas delegacias de polícia, com o sinal sonoro, que agora é uma música, para avisar a hora do banho de sol.
São os mesmos métodos do século 19, só que os alunos são do século 21, ai não tem como dar certo. A escola tem que ser um lugar bonito e prazeroso, onde o aluno se sinta feliz ao chegar, e quer permanecer nesta ambiente. A educação repressora já mostrou a sua ineficiência, a construção de um País melhor só vai acontecer no chão da escola pública, que é o alicerce da cidadania. A educação repressora cria pessoas repressoras, que acham que podem resolver tudo na violência, o momento que estamos vivenciando, com parte do Congresso Nacional alinhado ao golpismo, como disse Cazuza: “transformam o País inteiro num puteiro, e assim se ganha mais dinheiro” é a prova que este tipo de educação não deu certo. Passou da hora de mudar!
* Pedagogo, líder comunitário e ex-conselheiro da Educação