Fernando Junqueira *
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Um dos meus primeiros trabalhos, ainda quando estava na faculdade, foi em uma obra. Naquele tempo, anos de 1980, construir no Brasil não era simples. As novas gerações, de startups e fintechs, desconhecem a instabilidade que as tentativas de estabilização econômica impuseram o país com os planos Verão, Bresser e Cruzado.
Se hoje o mercado se recente de previsibilidade, imagine naquela época!
A construção civil trabalha em ciclos de três a quatro anos. Isso quando os projetos já estão definidos, incluindo área, documentação, incorporação etc.. Hoje, para se ter ideia, as empresas da construção civil trabalham em projetos que serão lançados daqui pelo menos uma década!
Quando chegamos à fase mais detalhada – de orçamento, por exemplo, faltam pelo menos três anos para o lançamento. Então, imagine você prever hoje quanto o aço custará daqui três ou quatro anos, que é efetivamente quando esse material será comprado. A volatilidade natural e a instabilidade criada por fatores externos ao mercado são os grandes riscos que corremos no setor.
O resultado do PIB da construção civil recentemente divulgado pelo SindusCon-SP expõe em números todas essas dificuldades que enfrentamos no mercado. A projeção feita a pedido do sindicato da construção é a de que o PIB seja de 1,2% em 2023 e 2,9% em 2024. A região do país que empurra esses números para cima é a do estado de São Paulo – incluindo aí a capital e o interior.
Nos últimos meses visitei todas as regiões do interior paulista e conversei pessoalmente com lideranças da construção civil de cada lugar. Os desafios são semelhantes aos nossos na Região Metropolitana de Ribeirão Preto. E os resultados também!
O fato é que, apesar de todas as dificuldades que enfrentamos nos últimos anos, nós continuamos lançando, projetando, construindo, gerando emprego, renda e riqueza. E, ainda que existam ainda muitas adversidades para superarmos, nós sabemos que a força do empresariado e do setor produtivo é o que realmente leva o país para frente.
Sou um otimista convicto. Acredito que a nossa cidade está preparada para um novo passo e que a sociedade civil organizada, em sindicatos e entidades de classe, podem dar a sua contribuição.
* Vice-presidente do Interior do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP)