Tribuna Ribeirão
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O Pêndulo de Foucault 

Rui Flávio Chúfalo Guião * 
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Cálculos matemáticos difíceis de se entender respaldam o funcionamento do pêndulo inventado para provar o efeito da rotação da Terra, construído pelo cientista francês Jean Bernard Leon de Foucault, no longínquo ano de 1851.  
 
Foucault nasceu em Paris, em 1819 e depois de ser educado em sua casa, ingressou na Faculdade de Medicina, onde não conseguia suportar a visão de sangue e transferiu-se para o estudo da Física e Astronomia. Perdeu-se um médico, mas a humanidade ganhou um excelente cientista, multifacetado, que deixou vários experimentos. 
 
Fez vários estudos sobre a luz, calculou a velocidade da mesma luz e legou ao mundo o seu pêndulo, que provou a rotação da Terra, fato só comprovado visualmente muitos anos depois, com as viagens espaciais. 
 
É preciso lembrar que o conhecimento científico sobre nosso planeta sofreu grandes discussões. A Igreja, baseada na Bíblia, pregava que ele era o centro do universo, com o Sol girando em seu redor. Foram necessários estudos de Galileu Galilei e Nicolau Copérnico para que houvesse a mudança para um sistema heliocêntrico, mas a rotação da Terra ficou de fora das cogitações científicas, pois até então era impossível aferir este fato. 
 
A ideia do pêndulo surgiu a Foucault por acaso, quando ele percebeu que o pêndulo de um relógio não era influenciado pela rotação da Terra, se o ponto de seu apoio permanecesse fixo. 
 
O pêndulo original de Foucault foi apresentado pela primeira vez, em 1851, no Panteão de Paris, a antiga igreja de Santa Genoveva, hoje um museu, que recebe também os despojos de grandes personalidades francesas. Era uma esfera de 28k, sustentada por um cabo de 68m fixado no teto. A esfera tinha uma pequena abertura de onde a areia de seu interior caia no solo, desenhando linhas que provavam que a Terra girava em redor de seu eixo, pois o movimento do pêndulo se mantinha sempre na mesma direção. 
 
Meu primeiro contato com o Pêndulo de Foucault foi na ONU, quando ainda intercambiário nos Estados Unidos passei um dia inteiro em sua sede. Lá estava ele, monumental, um grande cabo rígido, preso no teto da entrada da Assembleia Geral, que sustentava uma grande bola de metal. No chão, pequenas peças de madeira, em forma de pirâmide. O pêndulo gira sempre na mesma direção e é fascinante ver como a ponta da bola vai derrubando as peças, o que prova que a Terra está girando. 
 
Tornei-me um entusiasta da ideia de Foucault e, todas as vezes que posso, visito museu ou instituição que o exiba.  
 
É fascinante ver o silencioso movimento do pêndulo sempre numa direção e testemunhar a rotação da Terra, que não sentimos, pela derrubada das peças colocadas no chão. 
 
Desde tempos imemoriais, o Homem sabe que a Terra tem o dia e a noite, mas levamos anos para compreender que nosso planeta gira em torno de um eixo imaginário do Polo Norte ao Polo Sul, em virtude do que chamamos rotação. Devemos ao pioneiro Aristarco de Samos, as primeiras cogitações da rotação da Terra. 
 
Por experiência, sabemos que há dias menores e noites maiores, bem como noites maiores e dias menores, dependendo da estação do ano. Será que a rotação terrestre tem então tempo variável? Na realidade, a rotação se realiza diariamente em 24 horas (para ser exato em 23 horas, 56 minutos e 4 segundos). O que causa a diferença de duração do dia e da noite é a inclinação da Terra, em sua volta ao redor do Sol. 
 
Praticamente todos os países europeus, asiáticos e americanos têm vários Pêndulos de Foucault em exibição, o que ainda não ocorre no Brasil. 
 
* Advogado e empresário, é presidente do Conselho da Santa Emília Automóveis e Motos e Secretário-Geral da Academia Ribeirãopretana de Letras 

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