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O país do mesmo

Afirma-se – o Brasil vai melhorar.

Resposta – Só pode melhorar, simplesmente, porque é difícil ficar pior.

No meio dessa confirmação confirmada está a perplexidade de quem pretende adivinhar o futuro próximo do país. Afinal, na eleição venceu quem não apresentou programa algum, ideia estrutural alguma, alguém que ganhou parado e que não ficou em silêncio, pois destilou um discurso de divisão, discri­minação e ódio. Pontuando essa caraterística eleitoral surge a abominável facada, que sempre nos coloca solidário contra essa e qualquer violência, qualquer que seja a vitima.

Mas, qual o rumo do Brasil? Honestamente, não se descobriu, ainda, pois o vencedor não tinha programa, não tinha time, era distante de universidades, nem organicida­de partidária ele tinha. Daí esse vai-e-vem governamental, do dizer e desdizer, deixando no ar só o discurso salvador e enganador do combate à corrupção, que é grave sim, mas não deve endeusar quem se apresenta como seu porta-estandarte, induzindo o povo a acreditar ser o único problema ético, e que sanado, salvado estará o país. Combate-se a corrupção, dia a dia, com cidadãos conscientes e instituições eficientes.

Mas há variação de tom nessa cantilena. É a reforma da previdência, que tantos dizem não existir déficit, e sem responder a essa crítica, seus defensores apresentam essa questão como a salvadora, salvífica, salve, salve. Sem ela o Brasil acabaria.

Seguramente, a complexidade dos problemas brasileiros não se resolve só com isso, ou seja, combate à corrupção, que deve ser diá­rio, e com reforma da previdência, que precisa ser reformada, pois a pirâmide está invertida, pois menos pessoas recolhem para mais pessoas usufruírem. De um lado é pelo aumento da expectativa de vida, e de outro é a substituição do braço vivo pelo braço morto, de pessoas pela inteligência artificial ou pela adoção de robot.

Entretanto o debate deve ser aprofundado, já que há trans­ferência de verba orçamentária da Seguridade Social para pagar encargos financeiros (juros e serviços da divida públi­ca), como formaliza o Decreto nº 9699/19, de 08 de fevereiro último, que transferiu mais de seiscentos bilhões de reais para esse fim sagrado de pagar o acessório da divida pública, sem auditoria. Um déficit que o governo agudiza.

Melancólico é só examinar nessa complexidade de proble­mas reais e com o discurso de ideias fraccionadas, o volume de desgraças que assolou o país nesse limiar de ano novo.
Nesse item desponta a catástrofe de Brumadinho, onde, aos legisladores omissos, soma-se à gestão regida pelo lucro, sem aprendizado social, politico, ambiental, mesmo com desgraça próxima e anterior.

Mas, o governo atual pregava banalizar o licenciamento ambiental, com a ida e vinda da retirada do país do acordo de Paris, que objetiva a limpeza do clima e do ambiente.

Na verdade, a visão do mundo vigorante no âmbito do governo do Brasil, patrocinado pelos que eram irrelevantes e do baixo clero, cultiva e apregoa a ideia neoliberal do Estado mínimo, que significa Estado nenhum, contrapondo-se ao Estado do bem-estar, considerado por seus críticos como o grande provedor da vagabundagem.

Mas, o pula-pula de ideias isoladas, defendida por um discurso de exclusão e ódio, não configura ideia força para organizar um Estado, que recolha recursos para corresponder à complexidade dos problemas brasileiros, desenhado pela desigualdade social.

Tantos recursos minerais, tantos recursos de água, luz e vento, tantos recursos de florestas, e nossas elites, herdeiras reais do país escravocrata, insistem a cada geração fazer do país uma eterna promessa.

Para onde o país vai mesmo?

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