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O ódio como arquiteto de cadáver

A continuação da verborragia do ódio, que ora ataca insti­tuições, ora ataca pessoas, civis ou militares, ora os brasileiros do Nordeste, designando-os pejorativamente de “paraíbas”, ora atacando a realidade histórica e retirando dela, e de seus porões, a miséria moral, causada pelas torturas, que elogia; ora repetindo-se contra o meio ambiente, gerando descrédi­to do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que registra o aumento de 278% de desmatamento, na Amazônia, em comparação com o mês de julho de 2018…

Ora confronta ou elogia os demais Poderes da República, ora enaltece o Brasil irreal do sem fome, para desmentir-se em seguida, ora o obscurecer os meios de transparência da gestão governamental, que existiam, ora quebrando elos de participação em órgãos então colegiados, ora querendo vingar-se de jornais e de jornalistas, que praticam a crítica democrática…

Ora, ora, ora… a continuidade dessa verborragia do ódio conduz à insegurança geral a crescente debilidade democracia brasileira que, para um golpe final, só precisará de um cadá­ver. O candidato para esse sacrifício da morte matada deverá ser pessoa de proa, liderança, que abalará de vez a ordem pública, chamando o glorioso Exercito para banir os maus e ficar com os bons, com seleção inicial e depois sem seleção, alimentando o instinto da morte do outro, por qualquer mo­tivo. De tal crime nefando a culpa será sempre da oposição.

O nosso capitão presidencial, que fora militar indesejado na corporação, hoje se vinga de generais insubmissos, como o competente Carlos Alberto de Santos Cruz (governo Bolso­naro – “fabrica de crises”), enquanto tem sabido alisar os que lhes são aderentes silenciosos. Nesse governo já tem mais militares do que os teve o governo militar.

A ditadura ou o autoritarismo não acontece de repente. Ele é um processo cuja antecipação delirante é causado por um cadáver ilustre, cujo enterro é até pomposo, para que caiba no mesmo buraco a chamada democracia, que morre junto. A sorte é que a história continua, o que significa que qualquer soberano só fica, se petrificado, para repudio eterno.

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