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O novo presidente do Legislativo

FOTOS: ALFREDO RISK

O Tribuna começa a partir desta edição, e continuará du­rante os próximos domingos, uma série de entrevista com os vereadores eleitos para a Legislatura 2021-2024 no Le­gislativo ribeirão-pretano. No início participarão, caso quei­ram, os integrantes da Mesa Diretora e depois, pela ordem, os mais votados.

O primeiro a ser entrevista é presidente da Câmara, Ales­sandro Maraca (MDB), que foi eleito vereador pela primeira vez em 2016 e reeleito nas elei­ções municipais do ano passa­do com 2.897 mil votos.

À frente do Legislativo municipal, o parlamentar pre­tende imprimir sua marca pessoal e política no comando de uma verdadeira “empresa” com 205 funcionários e um orçamento previsto para este ano de R$ 65 milhões. Do to­tal de servidores 95 são con­cursados e 110 comissionados e ligados aos 22 vereadores, cinco por cada gabinete.

Entre as ações que preten­de implementar está o “Câ­mara Sem Papel”, que visa transformar todo trâmite e documentos entre a Câma­ra e a Prefeitura em sistema eletrônico. Também quer im­plementar o uso de energia fotovoltaica no Legislativo. Por ano, a Câmara gasta cerca de R$ 1,5 milhões em ener­gia elétrica. Maraca fala sobre seus projetos e desafios.

Tribuna Ribeirão – Como o senhor avalia sua eleição para presidente da Câmara?
Alessandro Maraca – Foi algo natural, por conta de uma confiança estabelecida com os vereadores no mandato ante­rior e também uma vivência com os novos vereadores, que apesar de estarem na Câmara pela primeira vez, já tinham compartilhado comigo uma série de lutas pela cidade. No final o resultado foi muito ex­pressivo; o fato de ter outros candidatos é positivo, pois for­talece a democracia.

 

Tribuna Ribeirão – Como tem sido seu trabalho desde o dia primeiro de janeiro?
Alessandro Maraca – Fico lisonjeado pelo reconhecimen­to (do meu trabalho), embora não seja uma atitude somente deste mandato. Tenho traba­lhado ininterruptamente desde que assumi como vereador ain­da no mandato anterior. Temos que ter a consciência que não somos vereador e sim estamos vereador; para você fazer histó­ria e mudar a vida das pessoas é necessário saber da tempo­rabilidade do mandato, e que são prerrogativas do vereador: cobrar, fiscalizar e representar as pessoas, em qualquer dia e horário sempre estive à dispo­sição da população.
Quando assumi o atual mandato, no dia 1° de janeiro, convoquei logo uma reunião com todos os coordenadores desta Casa de Leis, para me colocar a par de tudo que nós tínhamos na Câmara a cum­prir e o que poderíamos avan­çar. De lá para cá foram várias reuniões com as mais variadas representações da sociedade – muitas delas resultaram em no­vas ideias para Câmara Muni­cipal e outras são lutas antigas da cidade que nós precisamos colocar para funcionar.

Tribuna Ribeirão – Quais são as suas prioridades como presidente do Legislativo?
Alessandro Maraca – Aproximar o povo da Câmara Municipal, manter a indepen­dência do Legislativo e dar ferramentas para que todos os vereadores possam produzir e trabalhar melhor pela cida­de. Trazendo junto a tudo isso ideias modernas socioambien­tais e de economia.
Um exemplo é a substi­tuição do papel por sistema eletrônico – deste modo os requerimentos, indicações e proposituras de vereadores se­rão feitos por meio digital; esse projeto começará a ser implan­tado na próxima sessão, a pri­meira do ano. Ao longo do ano podemos economizar aproxi­madamente 70% na utilização de papéis do Legislativo.
Ainda se tratando de eco­nomia e sustentabilidade temos outro projeto: a implantação de energia fotovoltaica no prédio, que, segundo estudos prelimi­nares, poderá possibilitar uma economia de até R$ 49 milhões em 25 anos, através do uso de energia limpa.
Também vamos abrir o es­tacionamento da Câmara Mu­nicipal aos finais de semana para quem usa o Parque Muri­lo Biagi, usando o exemplo da Assembleia Legislativa em São Paulo que abre seu estaciona­mento para população que fre­quenta o Parque do Ibirapuera; vamos fazer o mesmo aqui, para que as pessoas possam deixar seu carro no estaciona­mento na Casa do Povo.

Tribuna Ribeirão – Nos últimos anos a Câmara se or­gulhou de devolver parte dos recursos a que tem direito – duodécimo – para a prefei­tura. Sua gestão vai trabalhar neste sentido?
Alessandro Maraca – A economia é nossa bandeira, todavia, sem fugir das nossas funções administrativas, penso que é preciso trazer a Câmara para o século XXI.
Primeiro nós precisamos dar segurança e garantia para todos os vereadores e muníci­pes que fazem uso do prédio. Temos, por exemplo, a obriga­ção de ter alvará de funciona­mento no prédio da Câmara que já está sendo providencia­do. Vamos também trabalhar para que o novo prédio possa acomodar projetos como a Es­cola do Parlamento, Câmara na Escola e o Parlamento Juvenil, pois, são projetos de formação política muitos importantes para que as pessoas possam se aproximar do Legislativo.
Como disse, quero reafir­mar a economia como ban­deira, tanto que vamos econo­mizar em energia e com papel. Contudo, precisamos acertar a questão do duodécimo, por­que existe um apontamento do Tribunal de Contas justamente por conta de devoluções que a Câmara precisaria utilizar.

Tribuna Ribeirão – A de­volução de recurso para o Executivo tem recebido críti­cas sob o argumento de que o prédio principal da Câmara precisa de reformas urgentes e que o dinheiro devolvido poderia ser usado para estas obras. O que o senhor pensa sobre estas críticas?
Alessandro Maraca – Como disse anteriormente, o prédio da Câmara tem muitos problemas: na rede elétrica, telhado, cadeiras quebradas, entre outros. Vamos iniciar um projeto para que esses proble­mas sejam sanados o mais bre­ve possível. Sabemos que uma reforma, da maneira como precisa ser feita e obedecendo aspectos técnicos para que nós tenhamos o Alvará dos Bom­beiros, leva tempo. Então va­mos iniciar uma solução ainda neste mandato.
Precisamos aproximar o ci­dadão do Legislativo e para isso é preciso criar condições para que as pessoas tenham apreço pela Câmara e se sintam segu­ras num lugar moderno e pres­tativo. Nossa preocupação não é só devolução dos recursos de maneira simplista, mas a boa aplicação deles.

Tribuna Ribeirão – A Câ­mara, a partir de uma pro­posta sua, está negociando com a Prefeitura a eliminação do uso de papel no trâmite de documentos entres os dois poderes. Como está este pro­cesso?
Alessandro Maraca – Pos­so afirmar que esse mês de janeiro foi muito produtivo, trabalhamos muito e a Câmara Municipal está fazendo a parte dela; a partir desta semana já poderemos receber os requeri­mentos e indicações de forma eletrônica – os vereadores que tem assinatura eletrônica já vão poder protocolar sem uti­lizar o papel impresso. Porém, a Câmara depende também de alguns ajustes com Execu­tivo – já fizemos uma reunião muito importante, onde nos certificamos para que os dois programas utilizados (pela Câ­mara e pela Prefeitura) “dialo­guem”. Portanto, não vamos ter problemas em enviar essa do­cumentação para Prefeitura de forma eletrônica – eliminando papel, mas isso é gradativo e leva tempo. Mas é importante afirmar que esse processo tem três pontas, a de economia, a socioambiental e a de celerida­de reduzindo a burocracia.

 

Tribuna Ribeirão – E so­bre a energia fotovoltaica. Existe previsão para que este projeto seja implantado?
Alessandro Maraca – O projeto de energia fotovoltaica já está sendo estudado para sua implantação ainda este ano; segundo análises preliminares, poderá gerar uma economia de até R$ 49 milhões em 25 anos.
Além da economia quero apontar a simbologia: a Câma­ra aponta para a sociedade ri­beirão-pretana que está conec­tada a nova bandeira mundial de respeito ao meio ambiente.

Tribuna Ribeirão – Apa­rentemente neste mandato a Câmara tem a maioria dos vereadores ligados ao prefeito Duarte Nogueira (PSDB). Em sua análise, o atual Legislativo é mais pró-Nogueira?
Alessandro Maraca – Acre­dito que, tanto a Câmara quan­to o prefeito têm um discerni­mento do papel de cada poder. Posso falar por mim e sobre o meu partido, que mantemos um diálogo permanente com toda administração sem perder a nossa independência.
Acredito que hoje, por exemplo, qualquer aumento de imposto, terá muita dificuldade em passar na Casa, porém, pro­jetos do Executivo que atentem à melhoria de vida da popula­ção como um todo, serão apro­vados por ampla maioria.
Acredito que essa Câmara não é mais pró e nem contra o Nogueira. Essa Câmara é mais plural, abrangendo segmentos de esquerda, direita e centro. Essa Câmara tem mais diversi­dade, temos evangélicos e pro­gressistas, defensores do estado mínimo, ou de mais estado na vida do cidadão. Temos advo­gados, administradores, pro­fessores.
No meu discurso de posse elenquei alguns valores de­mocráticos em que acredito, e sob a minha presidência, que­ro honrá-los, como o papel de manter a equidade aos meus pares. Por isso que sempre repi­to que, modernizar a Câmara é ampliar a voz de cada vereador, que tem como prerrogativa, a representatividade popular.

Tribuna Ribeirão – A atual legislatura tem oito novos ve­readores que, por serem novos no cargo, não tem a obrigato­riedade de conhecer os trâmi­tes legislativos. O que tem sido feito para dar a eles suporte para não cometerem erros ju­rídicos em seus mandatos?
Alessandro Maraca – To­das as ferramentas da Câ­mara estão sendo colocadas à disposição destes vereado­res, através de fácil acesso às informações e documentos, reuniões destes com as nos­sas coordenadorias legislativa e jurídica, e temos ainda, a nossa Escola do Parlamento, que vem ofertando aos edis e seus assessores a capacitação de forma online – no último dia 22, a aula teve justamente como tema: “Constitucionali­dade das Leis Municipais”.
Posso afirmar ainda, que todos estes novos vereadores, estão se dedicando e apro­fundando seus conhecimen­tos, seja através do aprofun­damento de estudos da nossa Lei Orgânica e do Regimento Interno, seja pelas orienta­ções que nossos servidores vêm lhes prestando.

Tribuna Ribeirão – O se­nhor está em seu segundo mandato como vereador. Ser presidente era um sonho políticos?
Alessandro Maraca – Na verdade, minha visão na po­lítica é simples: ser político é representar as pessoas, inde­pendente do cargo que ocupa. Eu não diria que ser presidente é um sonho político, mas sim um momento para viver um sonho político e poder fazer mais pelas pessoas e pela mi­nha cidade. Acredito que eu ainda esteja longe de realizar o meu sonho na plenitude, mas tudo na minha vida foi com muita calma e tranquilidade.
Comecei trabalhando em movimentos sociais, associa­ção de moradores, conselho de segurança – tudo isso eu busquei tirar como lição para ser um grande político. Ser presidente da Câmara Munici­pal de Ribeirão Preto tem sido uma grande honra para mim, e é claro que eu quero continuar crescendo como homem públi­co, me colocando à disposição da população como Presidente do Legislativo e como vereador de Ribeirão Preto.

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