Esse vírus originário da China em dezembro passado apresenta um perfil que até agora tem desafiado a inteligência humana. Ele difere em suas características fundamentais de todos os vírus até agora conhecidos, principalmente pelo fato de a pessoa ser portadora, às vezes não apresenta sinais ou sintomas, mas sempre é capaz de transmitir o vírus. Outra característica muito curiosa desse vírus é o fato de ele em algumas pessoas se apresentar sem sintomas ou ter sintomas leves, moderados ou graves.
Isso traz enormes dificuldades para os médicos que estão atendendo aos pacientes infectados. E como, nós médicos sempre nos baseamos no fato de “cada caso é um caso”, mas quando se trata de infectados pelo novo coronavírus essa premissa assume grau máximo.
Estudos de filósofos, economistas, sociólogos e cientistas apontam para um novo mundo após a chegada desse vírus em todos os cantos do planeta e apontam ainda para uma nova maneira de se viver daqui pra frente, sugerindo que um mundo igual ao que existiu até dezembro do ano passado nunca mais existirá.
Até por que, acredita-se que novas pandemias não podem ser descartadas no futuro. E este mundo que surge certamente traz consigo um novo modelo de relações sociais e econômicas onde a escassez de dinheiro será uma constante. Como sempre, formatamos nossa exposição sob a forma pedagógica de perguntas e respostas, para facilitar a leitura, compreensão e reflexão sobre o tema em foco.
1. Nos últimos oito dias, qual é a situação de Ribeirão Preto em relação ao novo coronavírus?
Posso dizer que a situação de Ribeirão Preto é muito ruim. O número de infectados e de óbitos está aumentando a cada dia o que causa uma demanda por atendimento hospitalar e de leitos de UTI, que já está operando em sua capacidade máxima. Por outro lado, a cidade apresenta ainda grandes dificuldades no tratamento dos pacientes, pois não foi estabelecido ainda um protocolo para o uso de remédios, que mesmo não padronizados, já têm sido usados em outros serviços e conforme relatos tem apresentado bons resultados. Esses remédios ainda não sabemos se estão sendo testados, mas não estão disponíveis na rede pública. Já temos mais de 340 mortos e mais de 13 mil infectados em nossa cidade.
2. E na região de Ribeirão Preto, qual é a situação no que diz respeito ao novo coronavírus?
É a mesma de Ribeirão Preto registrando aumento do número de casos de infectados e mortos em todas as cidades do entorno de Ribeirão Preto. E isso ocorre devido ao fato de existir uma movimentação intensa entre as populações dessas cidades o que facilita a disseminação do vírus nos dois sentidos. As pessoas se movimentam e usam o transporte público que é sabidamente um local de fácil contaminação. O autor dessa matéria juntamente com o deputado estadual Rafael Silva, um grande estudioso dessa problemática do novo coronavírus, realizamos um estudo aprofundado sobre os possíveis locais de mais fácil disseminação e concluímos que o transporte coletivo assume a dianteira nessa modalidade de transmissão.
3. No estado de São Paulo, qual é a situação no que diz respeito ao novo coronavírus?
Infelizmente é muito ruim. Já contamos com mais de 22 mil mortos e mais de 500 mil infectados e o vírus continua se espalhando com muita rapidez para quase todos os 645 municípios sendo que em mais da metade já foram registrados casos de óbitos. E um fator agravante é o fato de a maior parte das pequenas cidades não dispor de hospitais aparelhados para recuperar pacientes graves.
4. E qual é a situação do Brasil?
É péssima a situação do nosso país. E isto por que já estamos próximos de um número assustador: 100 mil brasileiros mortos e mais de três milhões de infectados. E isso é uma tragédia nacional. No mundo só perdemos para os Estados Unidos em número de óbitos e de contaminados. Na maior parte dos estados está havendo aumento do número de casos, o que é muito grave. E pior: do ponto de vista de estratégia na condução da luta contra a pandemia estamos perdendo (continua na próxima semana).