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O Nostradamnus do século 21 

Conceição Lima *

É claro que ele não faz revelações a partir de estudos astrológicos, inspiração divina ou visões esotéricas. Nem costuma olhar fixamente para o fogo ou para a água, enquanto processa suas “profecias”. E pelo que me consta, também não usa estimulantes à base de plantas para ajudar a induzir visões. Diferentemente de Nostradamus, não escreve em versos rimados, nem utiliza uma linguagem metafórica e enigmática, de difícil interpretação, em francês arcaico, latim, grego e provençal.

O “nosso” Nostradamus do século 21 é um cientista da computação premiado, não é outro senão o Diretor de Engenharia do Google, onde lidera a equipe de desenvolvimento da Inteligência Artificial. Seu nome: RAYMOND KURZWEIL. O linguajar talvez não seja fácil de assimilar também, fundamentado que está no moderníssimo “computês”. Mas as suas profecias são bem claras de entender. E são mesmo de arrepiar, embora não prevejam nenhuma guerra, catástrofe, destruição… pelo menos não diretamente.

O prazo de ocorrência delas também é muito exíguo: apenas duas décadas. O prognóstico é inquietante: dentro de 21 anos, em 2045, ocorrerá a maior mudança da história e a humanidade nunca mais será a mesma: segundo Kurzweil, esse será o ano dos “super-humanos”, em que o ser humano se fundirá com os computadores e assim alcançará a “SingularidadeTecnológica”, melhorando exponencialmente as capacidades intelectuais da espécie. Aliás, ele afirmou textualmente: “Vamos expandir a inteligência um milhão de vezes até 2045 e isso vai aprofundar a nossa consciência e o nosso conhecimento.”

E o que seria essa suposta SINGULARIDADE TECNOLÓGICA? Nada mais, nada menos que um ponto hipotético em que as “máquinas inteligentes” terão ultrapassado completamente os humanos e estarão além da nossa compreensão. Ray Kurzweil acredita que essa fusão será graças aos nanorrobôs, que serão capilarizados para o cérebro. O cientista compara isso a ter um smartphone no cérebro. As pessoas poderão pesquisar tudo instantaneamente, de maneira semelhante à que fazem agora com seus celulares.

Mas a profecia mais retumbante é a de que a imortalidade também pode estar próxima. Num a entrevista para o jornal investigativo britânico The Guardian, Kurzweil previu que o avanço dos nanorrobôs médicos tornará possível reparar o corpo de dentro para fora, “retardar” o envelhecimento e, com isso, prolongar a vida indefinidamente. Essas parecem ideias inteiramente malucas e ele tem sido mesmo ferozmente criticado. No entanto, o Diretor de Engenharia do Google já acertou no passado. Por exemplo, ele antecipou o aparecimento dos smartphones e, em 1999, previu que os humanos levariam apenas 30 anos para desenvolver a Inteligência Artificial. Na verdade, levaram menos que isso. O marco inicial pode ser considerado o ano de 2023.

E eu me pergunto: Será que esse aumento exponencial do conhecimento e da consciência resultará em maior sabedoria humana? Será que está nos planos de Deus utilizar a tecnologia para regenerar e aperfeiçoar os homens? Quem viver, verá!…

* Professora de ensino superior aposentada, escritora e palestrante, é membro eleito da Academia Ribeirãopretana de Letras e fundadora da Academia Feminina Sul-Mineira de Letras 

 

 

 

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