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O nosso terremoto

Haiti, um terremoto a cada 10 anos, no anterior mais de 200 mil mortos, neste nem se sabe quantos ainda. Mês passado mataram o presidente. Não há vacina para os hai­tianos. Coitados, quanta desgraça naquela ilha! Só beleza natural não resolve (veja o Rio de Janeiro). Preparem-se, vamos precisar ajudar, até acolhendo mais refugiados. O mundo cobrará solidariedade! Sejamos sensíveis.

Aqui não há terremoto (desta espécie…), mas, em compensação, também temos as nossas tragédias, bem peculiares. Somos invadidos pelos vizinhos venezuela­nos, fora outros, além das nossas próprias infelicidades (para não dar nomes diversos às baixarias governamen­tais) que deseducam nossos filhos e repercutem mal no mundo todo.

Assim foi semana passada com aquela cena do desfile, em Brasília, de tanques blindados do Exército, sucateados (enferrujados) dos combates no século passado – desta vez não conseguiram tremer nem as insólitas bancadas do Congresso Nacional: pura infantilidade de um ex-ca­pitão (que saiu mal da carreira) hoje descontrolado e já desesperado vendo chegar o ano eleitoral, com vários adversários, alguns velhos conhecidos e até gente nova, de procedência ainda não sabida (um deles – como todos, esperançosos, se lançou sábado, em São Paulo); teremos (em 2022) muitos com meia dúzia de votos.

Como diz o pessoal do hipódromo nas corridas de cavalo: “não receberão nem placê” (valor do rateio pago ao apostador que acreditou no cavalo que terminou mal o páreo). Certamente não se preocupam com o custo da campanha: gastarão dinheiro do “fundão” enriquecido (aumentado afoitamente) dias atrás. Ou melhor, gastarão dinheiro nosso, desviado para o “fundão” dos partidos. E não se envergonham diante das nossas misérias e necessi­dades conhecidas por todos.

Como se nada mais houvesse de interesse dos brasilei­ros, estão revendo as regras das eleições, que nunca são definitivas (ou duradouras) neste país, pois valem só para as próximas, porque acomodam os interesses dos atuais, no momento, jeito de se sustentar para manter a dominação pessoal: a partidária fica em segundo lugar, o país é desconsiderado, sempre. Isso não é critério, é uma questão de caráter que, se foi assim no passado, ficou pior. Confiram.

Os acontecimentos que se sucedem atestam o quanto se compromete na administração das coisas dos brasilei­ros, pouco importando a gravidade da crise vivida, sem vidas e centenas de milhares de mortos. Primeiro, duvi­daram da solução que a ciência indicava. Vacinas foram retardadas, não adquiridas, depois mal negociadas. Falha­ram para priorizar a compra interesseira, com propina.

Faltou enfrentamento com seriedade, responsavel­mente. O resultado é incontestável: quase 600 mil sacrifi­cados. É verdade comprovada e ficará, sempre, na nossa história, será que ainda terão coragem de negá-la? Prova­velmente torçam para o esquecimento (por eles), mas de­les jamais, porque destruíram famílias, semearam o luto, a dor, para a eternidade; merecem a revolta e o repúdio de cada brasileiro. O mal que nos fizeram é irreparável, nun­ca se apagará, sujaram o seu nome, devem desaparecer da vida pública. Esse “terremoto” nunca esqueceremos!

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