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O Mito da Caverna 

Sérgio Roxo da Fonseca *
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Ricardo Cesar Leitão **

Recentemente a Editora EDIPRO publicou o livro “O Mito da Caverna” escrito pelo grande filósofo grego Platão (427-347 antes de Cristo).

É possível dividir o pequeno livro em dois tópicos. O primeiro narra a vida de pessoas acorrentadas numa caverna escura, sem a possibilidade de tomar conhecimento da existência de um mundo iluminado. No segundo tópico o autor indica a quais seriam a virtudes que poderiam ser exigidas dos governantes gregos daquela época. E também nos nossos dias?

No primeiro tópico é narrada a possibilidade de um dos membros da caverna tornar-se livre das correntes, oportunidade na qual dela se afasta e toma conhecimento do mundo iluminado. Os cavernosos não conseguem crer na existência de um mundo iluminado dado que desde a sua longínqua infância viviam condenado à escuridão e à miséria dela resultante.

Mas a verdade verdadeira há um ou vários mundos, alguns iluminados e outros cavernosos, panorama habitacional de pessoas livres e de outras condenadas à escuridão.

O pequeno grande livro (78 páginas) é desenvolvido sobre o diálogo hipoteticamente deixado pelo grande mestre Sócrates com Gláucon.

O filósofo Sócrates inaugura o debate afirmando que o aprendizado é como um olho que não é capaz de afastar-se da escuridão para a luz sem que mova todo o seu corpo. Há necessidade imperiosa dos detentos escaparem da noite cavernosa, com o consequente encontro com a luz.

“Assim, em vosso e nosso favor o Estado será governado não como a maioria dos Estados atualmente (como num sonho),por pessoas que combatem sombras e lutam entre si para governar – como se isso fosse um grande bem – mas por pessoas que estão despertas e não sonhando, uma vez que a verdade é certamente esta: um Estado no qual os governantes em perspectiva estão minimamente ansiosos para governar deverá ser necessariamente o mais livre de guerras civis, ao passo que um Estado coma espécie oposta de governo será governado de maneira oposta”.

É acrescentado pelo editor em conclusão: “De fato, últimos governantes públicos, ao longo da história política da humanidade se encaixam neste perfil platônico, como Marco Aurélio Antonino e Mohandas Mahatma Ghandi”.

Sócrates finaliza: “Assim sendo Gláucon, seria apropriado estabelecer por força de lei esse ramo de conhecimento para aqueles que vão participar dos mais elevados cargos do Estado e persuadi-los a se dedicarem ao estudo do cálculo e o abraçarem não como leigos o fazem, mas o seguirem até atingir a contemplação das naturezas dos números por meio do próprio pensamento puro, não como mercadores e varejistas com o propósito de comprar e vender, mas visando o combate e a facilitar a conversão da alma do mundo da geração e mutação, rumo à verdade do ser”.

Platão enobrece a necessidade de encontrar um caminho para o homem sair da escuridão cavernosa, valendo-se do argumento dialético que propõe como técnica sempre contestar o argumento – inclusive aqueles aparentemente corretos – com o objetivo da dar segurança do resultado encontrado para que possa iluminar a sociedade com a compreensão do que possa ser a “verdade”.

Séculos depois de Platão, Cristo, ao ser julgado por Pilatos, esclareceu que havia vindo ao mundo para ensinar o que era a “verdade”. Pilatos indagou: o que é a “verdade”? E imediatamente, condenou Cristo à cruz (João, 18/38). Os séculos dos vários registros não conseguem ultrapassar a clareza da dialética. Ao contrário, ainda exigem a clareza na escuridão.

* Advogado, professor livre docente aposentado da Unesp, doutor, procurador de Justiça aposentado, e membro da Academia

** Livreiro 

 

 

 

 

 

 

 

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