Tribuna Ribeirão
Cultura

O lustre gigante de Tomie Ohtake

FOTO: JF PIMENTA/ESPECIAL PARA O TRIBUNA

A limpeza do lustre de cris­tal “Gota D’Água”, obra de arte de Tomie Ohtake (1913-2015), artista plástica japonesa natura­lizada brasileira, procedimento que encerra os trabalhos de limpeza, manutenção e reparos do Theatro Pedro II – terceiro maior teatro de ópera do Bra­sil, referência histórico-cultural para a região de Ribeirão Pre­to –, começou na manhã desta quarta-feira, 4 de março, e deve terminar na sexta-feira (6), na véspera da reabertura do espa­ço ao público.

Descer a estrutura de mais de uma tonelada do teto ao chão costumava ser trabalho para seis funcionários. Eles movimenta­vam o objeto com ajuda de ca­bos de aço. Em 2014, a Funda­ção Dom Pedro II investiu R$ 40 mil em uma talha elétrica para “baixar” o lustre. Mesmo assim, para a limpeza e manutenção da obra é preciso todo o cuidado e uma operação que leva cerca de três dias, desde a retirada, limpe­za e os restauros necessários até ser içado novamente ao teto.

O objeto é um dos símbolos da reinauguração do Theatro Pedro II, em 19 de junho de 1996, após ficar 16 anos fecha­do devido a um incêndio em julho de 1980. Desenhado por uma das principais artistas plás­ticas do Brasil, o lustre de cristal “Gota D’Água” é coberto por uma cúpula de gesso estrutural, com a fixação de lâmpadas espe­ciais que fazem suas luzes passar por entre os recortes, criando um efeito escultural único.

Com 1.400 quilos, tem 2,7 metros de altura por 2,2 metros de largura e possui mais de 80 lâmpadas que foram testadas e trocadas nesta quarta-feira, quando a peça começou a pas­sar pelo serviço de manuten­ção. Mariana Jábali, presidente da Fundação Dom Pedro II, destaca que é gratificante con­tribuir com a preservação do Theatro Pedro II.

“São mais de oitenta lâmpa­das e todas são trocadas como precaução, mesmo que estejam funcionando, pois elas têm uma durabilidade previsível. Ao mes­mo tempo, a equipe vai limpan­do cuidadosamente, uma a uma, as placas de cristal. O trabalho é feito de maneira muito carinho­sa e, sobretudo, com muita res­ponsabilidade pelos funcioná­rios do próprio Theatro, que são especializados nessa limpeza”, diz Mariana Jábali.

“É algo magnífico, são mil e quatrocentos quilos de lâm­padas, fios, metais e lâminas que significam, na verdade, uma gota d’água invertida. Ao olhar para o teto, com toda aquela conformação elíptica significando o incêndio, as chamas, o fogo que acometeu o teatro na década de 1980, te­mos o símbolo do que foi uma tragédia e que hoje, para nós, é motivo de muito orgulho”, emenda o prefeito Duarte No­gueira Júnior (PSDB).

Durante os meses de janeiro e fevereiro, o Theatro Pedro II permaneceu fechado para re­ceber as manutenções e restau­ros necessários para a abertura da temporada de espetáculos em 2020. A programação cul­tural terá início neste sábado, 7 de março, com o show “Queen Experience In Concert”. Geral­mente, os serviços ocorrem no primeiro mês do ano, mas em 2020 o período será mais exten­so por causa dos preparativos para a celebração de 90 anos do prédio histórico.

O prefeito Du­arte Nogueira e a presidente da Fundação Dom Pedro II, Mariana Jábali, diante da ma­gistral obra de Tomie Ohtake

Este é o terceiro maior teatro de ópera do Brasil e referência histórica cultural para a região, assim como para todo o país. O prédio é tombado como Patri­mônio Cultural pelo Conselho de Defesa do Patrimônio His­tórico Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) e as obras são necessárias para preservação de suas características originais. O Theatro Pedro II vai com­pletar 90 anos em 8 de outubro de 2020. É o palco principal da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto (Osrp).

O teatro foi construído entre 1928 e 1930 a pedido do advoga­do João Alves Meira Júnior, um dos fundadores da Cia. Cerve­jaria Paulista. O projeto foi ela­borado pelo arquiteto Hippolyto Gustavo Pujol Júnior, e a parte estrutural da construção coube à empresa alemã Kemmitz. Em 15 de julho de 1980, durante a exibição do filme “Os Três Mosqueteiros Trapalhões”, um incêndio destruiu a cobertura, o forro do palco e grande parte do interior, incluindo-se o teto.

Na fase de reforma, a cúpu­la metálica da plateia principal foi reconstruída pela artista plástica Tomie Ohtake e a cai­xa cênica foi rebaixada em seis metros. Foi criado um subsolo com mais dois níveis: espaços para serviços de apoio artísti­co, oficina de cenário, carpin­taria e almoxarifado técnico. Os ferros retorcidos na cúpula do teatro são uma alusão às chamas do incêndio de 1980, ideia de Tomie Ohtake.

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