Há algum tempo fui convidado pela ONG “Olhos D´Água” de Mococa para proferir uma palestra na Semana do Meio Ambiente, que será comemorada no final do mês de maio e início de junho (dia 05 de junho é o Dia Internacional do Meio Ambiente), para o que comecei a preparar o assunto, procurando tratá-lo de forma relativamente técnica.
Nesse ínterim, fui me vacinar em um posto de saúde contra a tal de gripe “suína” e qual não foi o meu espanto, quando ao estacionar próximo à frente do portão daquele local, me deparei com uma grande quantidade de pedaços de algodão utilizados para reter o possível sangramento causado pela agulha da vacina, esparramados pelo chão. Traduzindo: após a vacina, o paciente sai do posto segurando o algodão no ombro; percebendo não haver sangramento, ou este já haver terminado, simplesmente joga o chumaço de algodão no chão, pouco se importando com o que isso representa, se não para uma situação sanitária, ao menos para a ética e para a cidadania.
Fiquei então pensando no esforço que fazemos, participando de seminários, oficinas e congressos, procurando conhecer novas técnicas de saneamento, destinação final de resíduos sólidos e assim por diante, enquanto a população pouco se importa com a qualidade, inclusive sanitária, dos locais públicos onde transita. Será que as mesmas pessoas que jogaram o algodão, a maioria com nódoas de sangue, na calçada e no local de estacionamento dos veículos, no espaço do posto de saúde, o fazem em suas residências ou nas calçadas em frente a elas?
Tal fato me fez lembrar de uma palestra que proferi há muito tempo, na Instituição Moura Lacerda, sob o título “Panorama Sócio Ambiental da Região de Ribeirão Preto”, quando me utilizei, para consulta, da monografia: “Subsídios para o Diagnóstico Ambiental de Ribeirão Preto” elaborado por meu cordial amigo Dr. Octávio Verri Filho, Promotor do Meio Ambiente da Comarca de Ribeirão Preto, hoje aposentado. Tal trabalho foi elaborado em 1993 e me permitiu fazer comparações que daquela época aos dias de hoje nos alerta pelos altos e baixos, melhoria de qualidade técnica das coisas ambientais, tratamento de esgoto, sistemas, se bem que incipientes de coleta seletiva de lixo, legislação relativamente eficiente, no entanto há um elo muito fraco nessa corrente: a falta de educação!
Não mais me refiro à chamada “Educação Ambiental”. É simplesmente EDUCAÇÃO. Quem a tem, não precisa adicionar a ela a palavra “ambiental”, ela já vem incorporada. Como todos sabemos, uma corrente, por mais resistente que seja, se rompida, o faz em seus elos mais fracos, assim, sem Educação, a corrente simplesmente é rompida.
Isto me faz lembrar, também, da existência da epidemia de dengue na região de Ribeirão Preto, causada principalmente pela irresponsabilidade e ausência de Educação da população, mantendo criadouros do mosquito causador dessa enfermidade.
De nada adianta o esforço dos poderes públicos quando ocorre falta de EDUCAÇÃO. Acontece que ela não aparece de um dia para o outro. A Educação necessita da vontade de seus gestores políticos, da satisfação dos profissionais voltados a ela e do sentimento de progresso e melhoria de qualidade de vida do principal objetivo que ela tem: o educando. Quem sabe seja possível tornar realidade a ausência de lixo nas ruas, não mais se saber o que é um criadouro de mosquitos por ele não mais existir, e assim por diante. Basta haver Educação, inclusive para votar…
Com a palavra todos aqueles que algum dia viram um papel ser jogado na rua e o recolheram a algum coletor de lixo e, também, que perceberam que com Educação poderemos até, nas eleições, escolher representantes “educados” para os órgãos executivos e legislativos da nação.