“Estude, pois a caneta é mais leve do que o peso da enxada.” Por muitos anos, essa frase foi seguida à risca por jovens do interior em todos os cantos do país. Assim, rumaram aos grandes centros urbanos em busca de qualificação e oportunidades. Isolamento, falta de renda, carência de assistência médica e dificuldade de acesso à educação superior foram motivos que impulsionaram a migração. Mas, principalmente, a sensação de ausência de oportunidades. Era como se o campo não comportasse os sonhos das novas gerações. De acordo com o Censo Agropecuário realizado em 2017 pelo IBGE, apenas 5% da população rural brasileira tem menos de 30 anos.
No entanto, a introdução de tecnologia no agronegócio tem ajudado a virar esse jogo. Aos poucos, os jovens optam por fixar moradia ou retornar aos locais de origem – invertendo uma tendência que ocorreu entre os anos 1960 e 2000. Esse movimento se enquadra no brain gain (ganho de cérebros) e se contrapõe ao brain drain (fuga de cérebros), que tínhamos até há pouco tempo em velocidade preocupante.
Com isso, uma geração qualificada, conhecedora de novos processos e que aposta na inovação surge para dar um novo gás à economia agrícola – em pequenas ou grandes propriedades. Ferramentas como big data, algoritmos que ajudam a melhorar o desempenho e equipamentos sofisticados estão relacionados a esse movimento e à retenção de talentos.
Liderada pelos jovens, uma revolução digital com ganhos de produtividade acontecerá nos próximos anos e terá um impacto muito positivo na economia. Visto como celeiro do mundo, o Brasil reforçará sua vocação. A inteligência aliada à tecnologia será a resposta para a necessidade alimentar de 8,3 bilhões de pessoas no planeta. E quanto maior a conexão e as possibilidades de melhorar a produção, melhores serão os resultados para um setor tão decisivo.