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O imbróglio do Plano de Educação

Qualquer país que tenha saído da pobreza nos últimos 50 anos para alcançar o desenvolvimento cuidou com expertise da educa­ção básica, pois sabia que a mudança de patamar só seria possível só através de uma educação pública de qualidade e para todos. No Brasil, porém, mesmo com leis que garantam qualidade e universa­lidade, não saímos da rabeira das avaliações internacionais.

Ribeirão Preto, sendo uma das cidades mais ricas do Brasil, por incompetência e descaso de suas autoridades é a única cidade do Estado de São Paulo que ainda não tem um Plano Municipal de Educação aprovado e em execução. O plano teria que ser aprovado e sancionado até o mês de julho de 2015, mas o desrespeito à lei, coisa corriqueira em nosso município, fez do PME um imbróglio que ainda vai nos causar muitos dissabores.

Nestes quase quatro anos de clausura que a Secretaria da Edu­cação e o Executivo impuseram ao plano, os prejuízos causados á educação pública municipal são incomensuráveis. A lei manda que o PME, após passar pelas audiências públicas e, antes de ser envia­do ao Legislativo, tem que ser aprovado pelo Conselho Municipal de Educação, mas o Executivo, usando de artifícios ilegais, mandou o plano para o Legislativo para ser aprovado com urgência – uma ilegalidade que esperávamos ser sanada pela Câmara. Ledo engano.

O Conselho Municipal e as entidades afins esperavam que a Comissão de Educação pautasse pela legalidade e produzisse um parecer apontando as incongruências e, assim, embasando a Comissão de Constituição, Justiça e Redação para que emitisse um parecer contrário à tramitação do plano, no entanto tudo está acontecendo como quer o Executivo.

O presidente da Comissão de Educação, mesmo dizendo que seria transparente e que faria audiências públicas para ouvir a população e as entidades que defendem uma educação de qualida­de, preferiu a ferramenta equivocada de reuniões particulares com pequenos grupos deixando de fora o conselho.O nobre edil age com os mesmos modus operandi do velho coronel que comandou a educação municipal por mais de três décadas, para quem as audi­ências públicas eram apenas um comunicado ao público.

Em uma reunião realizada na Câmara Municipal, entre o Conselho Municipal de Educação e os representantes das co­missões da Educação e Justiça, o presidente do conselho falou que os membros da Comissão de Educação precisariam ouvir especialistas na área, pois não tinham conhecimento neces­sário para entender as complexidades do plano, coisa natural, mas os vereadores reagiram dizendo que tinham assessoria competente, e com expertise para o caso.

Na reunião realizada na Câmara Municipal, que chamaram de audiência pública, em que a secretária da Educação (que não apareceu) iria apresentar o “plano” para o Legislativo, o presidente da Comissão de Educação avisou que as sugestões das entidades e sociedade civil para as audiências teriam que ser enviadas com três dias de antecedência, pois o mesmo iria remeter essas sugestões para a Secretaria da Educação para serem avaliadas– então a fala do presidente do Conselho era pertinente. Confirmaram que a comis­são não tem conhecimento suficiente para tratar do assunto.

A Comissão de Educação deveria fazer audiências públicas con­vidando pessoas com expertise para defender o plano democrático construído em 2015, e os representantes da Secretaria da Educação para explicarem o porquê do “plano” generalista de 2018. Com isso, os vereadores teriam subsídios para alicerçar as suas decisões, mas o presidente da Comissão de Educação, vereador Fabiano Guima­rães (DEM), preferiu seguir por caminhos da velha e condenada política, que vai trazer mais prejuízos para a já combalida rede mu­nicipal de educação. O caminho da transparência e da democracia é o único que pode nos tirar desse dilema.

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