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O governo perdeu o senso e o país recuperou o Censo

Segundo historiadores o primeiro recenseamento conheci­do foi realizado na China em 2238 a.C., quando o imperador Yao ordenoua contagem da população e das lavouras cultiva­das. O evangelista Lucas ao narrar o nascimento de Jesus, cita que o imperador romano César Augusto determinou um recen­seamento completo na Judeia. Naquela oportunidade o objetivo era promover aumento na arrecadação tributária. No Brasil, a Lei Federal 8.184/91 determina a periodicidade de dois Censos muito importantes, não podendo exceder a dez anos a dos Cen­sos Demográficos e cinco anos a dos Censos Econômicos.

O censo mais conhecido é o demográfico que levanta dados sobre número de habitantes e suas características, produzindo as informações indispensáveis para a elaboração das políticas públicas, além de nortear decisões da iniciativa privada. O governo federal não fez previsão orçamentária adequada e resolveu não realizar o censo, mas agora, por decisão liminar o Supremo determinou a adoção de medidas voltadas à realização do mesmo.

A postura do governo federal é alinhada com sua polí­tica de desmonte das instituições e estruturas públicas e de retirada de direitos do povo. Cotidianamente o presidente e sua equipe revelam que não conhecem, nem acreditam no Brasil e no brasileiro, vide as falas dos ministros da Econo­mia, desdenhando do SUS e das universidades públicas e o da Casa Civil, que teve que tomar vacina escondido para não contrariar o chefe. Não há surpresa, pois em abril de 2020 a divulgação de uma reunião ministerial revelou ao país suas verdadeiras e nefastas intenções em relação à educação, saú­de, segurança e meio ambiente. É um time sem noção e sem senso (capacidade de entender e julgar).

Na semana em que atingimos 400 mil mortos pela Co­vid-19, observamos um verdadeiro contrassenso, da presi­dência e sua base de apoio tentando boicotar a CPI instalada no Senado justamente para investigar as omissões do governo federal e a falta de oxigênio em Manaus, além das irregula­ridades no uso dos recursos da União pelos estados, Distrito Federal e municípios. O mesmo governo que só instituiu o auxilio emergencial por pressão do Congresso, que demorou a adquirir vacinas, não adotou as medidas de distanciamento social e tentou boicotar todas as orientações dos cientistas, busca agora construir um discurso de efetividade e repassar suas culpas e erros para prefeitos e governadores.

Enquanto isso, ambientalistas e entidades civis fazem um grave alerta: uma semana após discursar na Cúpula do Clima, Bolsonaro descumpriu a promessa feita às grandes lideranças mundiais de dobrar recursos para repressão ao desmatamen­to. Na prática elecortou o orçamento dos programas do Meio Ambiente em 35%, além do mais, os governistas tentam aprovar o Projeto de Lei 510/2021, que ressuscita a antiga MP da Grila­gem e prevê o aumento no marco temporal para legalização de terras ocupadas ilegalmente, também a redução nos critérios de fiscalização de desmatamento e redução dos valores para compra da terra para quem já possui outro imóvel, um verdadeiro prêmio para proprietários que cometeram crimes ambientais. Entre o discurso e a prática existe uma grande distância.

Entre as habilidades que se espera de um gestor público estão: comunicação, liderança, planejamento, inteligência emocional, capacidade de negociação e visão estratégica, mas ultimamente está difícil encontrar alguma delas e, já que o governo perdeu o senso e não quer realizar o censo, espera-se que a população tenha o bom senso de fazer melhoras escolhas em 2022.

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