Tribuna Ribeirão
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O fim dos fósseis – parte 2 

Luiz Paulo Tupynambá *
www.tupyweb.com

“Well if you ever plan to motor west / Travel my way, take the highway that’s the best /
Get your kicks on Route 66 / Well it winds from Chicago to L.A. /  More than two thousand miles all the way / Get your kicks on Route 66

Bem, se você planeja viajar para oeste / vai por mim, pegue a High Way que é melhor /
vai com fé pela Rota 66 / Ela vai de Chicago a Los Angeles, / Mais de duas mil milhas até no total / vai com fé pela rota 66”
“Route 66” – Rythm and blues – composição do ator, compositor e músico Bobby Troup – 1941.

Os Estados Unidos só têm o tamanho que têm hoje, uma imensidão de terras ladeada por dois oceanos, que são suas muralhas estratégicas, por que os seus lados leste (o primeiro a ser colonizado) e oeste foram conectados pela ferrovia logo após a Guerra da Secessão. E também pela construção das primeiras “Highways”, rodovias de longa distância. Duas delas são chamadas de as “ruas principais” dos EUA: a U.S. Route 40 e a U.S. Route 66. Juntas, elas conectam o leste e oeste do país e foram responsáveis, ao lado do trem, pela demanda inigualável por combustíveis desta nação norte-americana. Aqui nasceu a cultura automobilística e seu modelo de uso do combustível de origem fóssil. No início a produção de petróleo era abundante e atendia à demanda. O modelo se espalhou pelo mundo, a gasolina e o diesel se tornaram padrões mundiais de combustível para carros, caminhões e a maioria das locomotivas.

Hoje, com os combustíveis fósseis condenados, faz-se necessária uma mudança drástica, que para ser exequível, necessita de uma substância capaz de fazer os motores funcionarem corretamente e garantir sua longa vida útil; com ganho de eficiência energética em relação ao modelo anterior; custo de produção e distribuição menores; capacidade de capilarização de fornecimento, atendendo à logística já existente sem grandes oscilações e, mais importante, que não polua nem produza gases do efeito estufa. Podendo ser feito dentro de um processo que permita a adaptação de veículos e motores já existentes, num período de transição, melhor ainda. É aqui que se destaca o hidrogênio “verde”. Você vai ouvir, daqui para a frente, muitas cores atribuídas ao hidrogênio. Não esquente a cabeça, basta saber que essas denominações variam de acordo com a origem e a quantidade de outras substâncias associadas ao hidrogênio daquela origem. Mas ainda não há uma classificação científica oficial sobre isso.

O hidrogênio tem um grande potencial para descarbonizar o transporte e contribuir para a construção de um futuro mais sustentável. É onipresente no Universo, quase inesgotável. Por isso tudo é considerado a melhor opção para substituir o modelo energético atual. Suas vantagens:

É um Combustível limpo: Não emite gases poluentes, apenas vapor de água.

É altamente eficiente: Permite maior eficiência energética do que motores a combustíveis fósseis.

Capacidade de Renovação: Pode ser produzido a partir de fontes renováveis como energia solar e eólica.

Como disse no texto anterior, a maior parte do hidrogênio usado como propulsor de veículos está estocado subterraneamente, em jazidas parecidas com as jazidas de gás natural. Como o hidrogênio também é um gás, toda a tecnologia usada para extrai-lo, armazená-lo e distribui-lo pode ser adaptada daquela usada para o gás natural. Porém, o hidrogênio é um gás altamente inflamável e alguma substância terá que ser adicionada para estabilizá-lo, sem que perca suas características principais. Após a estabilização, a distribuição será realizada pelos mesmos postos de abastecimento já existentes.

“Meu carro é elétrico, e aí?”. Simples, seu carro passará por uma adaptação e usará “células de combustível”. O hidrogênio é convertido em eletricidade através dessas células de combustível, que combinam o hidrogênio com o oxigênio do ar. Elas são silenciosas e não produzem emissões poluentes, apenas água. Essa tecnologia está em desenvolvimento e já tem diversos modelos testando mundo afora. No caso de veículos movidos a combustão interna, a adaptação será mais complexa, pois o hidrogênio tem uma velocidade de combustão mais rápida e requer ajustes na injeção, ignição e tempo de combustão. Essa opção pode ser mais vantajosa para o transporte pesado, como caminhões e navios, onde a tecnologia de células de combustível ainda é muito cara. A combustão do hidrogênio não emite poluente e produz apenas água e óxidos de nitrogênio (NOx), que podem ser controlados com tecnologia de pós-tratamento, como catalisadores.

O hidrogênio verde também pode ser usado para produzir combustíveis sintéticos, como o e-metanol e o e-diesel. Estes combustíveis podem ser usados em veículos existentes sem a necessidade de modificar a infraestrutura de combustíveis. A produção de combustíveis sintéticos é um processo que requer muita energia, por isso é importante que essa energia seja proveniente de fontes renováveis.

Bom, cheguei até aqui e descobri que tenho que deixar a fusão nuclear para a semana que vem. De novo por falta de espaço. Semana que vem trato disso, eita.

Mas, assim como a vida, a corrida continua! A Space X lançou o foguete que leva a nave da Intuitive Machines em parceria com a NASA, que deverá pousar no próximo dia 22 na superfície lunar. Se isso acontecer, será a volta dos EUA à lua, depois de mais de 50 anos. Será que agora vai, Tio Sam?

* Jornalista e fotógrafo de rua 

 

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