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O fim do teletrabalho no serviço público municipal

O governo municipal continua tratando a covid-19 na base do improviso e da negação. No último dia 30 (julho), o governo municipal publicou o decreto 170, suspendendo o teletrabalho no serviço público. Diante do cenário alarmante causado pela pandemia, o serviço público municipal havia sentido na pele os impactos do novo coronavírus e o teletrabalho, agora suspenso, fez-se mais que necessário, fez-se indispensável.

Em contraste com o que alguns pensam, o teletra­balho não é – e nem nunca foi – sinônimo de procras­tinação ou de não trabalho. Ao contrário, quando bem planejado e estruturado, ele pode servir – como serviu – como um fator positivo de motivação e inspiração. Em muitas áreas da administração pública o trabalho não presencial representou ganho na produtividade individual e das equipes. Com a publicação do referido decreto, o governo municipal erra duplamente.

O primeiro erro do governo foi o de não ter a capa­cidade de, enquanto gestor, de perceber que a flexibili­dade em muitos setores da administração municipal fez com que a inspiração e a satisfação dos trabalhadores aumentassem, o que impactou direta e positivamente na produtividade.

O trabalho remoto surgiu como alternativa para manter a prestação dos serviços públicos na pandemia e ao invés de reconhecer que esta forma de prestação de serviços em várias áreas é ainda o modelo mais adequado e eficiente para a realização de inúmeros trabalhos, o governo municipal, sem ouvir os seus gestores e os próprios servidores, resolveu acabar de vez com a possibilidade.

O segundo erro do governo foi acreditar que um decreto tem poder de debelar uma pandemia e suspen­der a necessidade do trabalho remoto. Se quer, de fato, debelar a pandemia e suspender de vez o teletrabalho, a prioridade do governo deveria ser a vacinação comple­ta de todos os ribeirão-pretanos. Se há uma situação que paralisa a cidade não é o teletrabalho realizado pe­los servidores municipais, mas, sim, a falta de vacinas e de testagem em massa da população.

A perda de tantas vidas, dia após dia, infelizmen­te, ainda não acabou. A covid-19, ainda continua atingindo a nossa população e drenando as forças da sociedade. É consenso entre os principais estudiosos do assunto que apenas uma massiva campanha de vacina­ção – como só o SUS tem experiência em fazer – pode frear a circulação do vírus e impedir a volta desenfrea­da das internações e mortes por covid-19.

Se o governo quer mostrar serviço, não adianta publicar decretos como se Ribeirão Preto estivesse se encaminhando alegremente para a normalidade, por­que, infelizmente, ainda estamos distante da sonhada vida normal. O fato é que hoje, no Brasil e no mundo, há vacinas e há testes. O governo municipal mostrará serviço se passar a trabalhar com mais diligência, mais eficiência e mais transparência para trazê-los aos ribei­rão-pretanos a tempo de proteger a saúde da população e salvar vidas. Além de equivocada, a suspensão do teletrabalho no serviço público é uma medida mani­festamente perversa, por insistir num caminho que representa graves riscos para a saúde dos servidores municipais e da própria população.

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