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O Estado que deveria proteger é o maior algoz

A esquerda ideológica brasileira sempre teve uma visão de um País mais igualitário, mas nunca conseguiu convencer a base da pirâmide sobre a necessidade de se materializar estas ideias de todos terem uma vida melhor. Enquanto isso, a direita sempre usou com mais eficiência o sofisma e o dom de iludir. Usam a propaganda ideológica com eficiência, e convencem aos descamisados, que sempre estão e sempre estiveram ao seu lado. Enquanto a esquerda é sentimental e emotiva, a direita é fria e calculista.

Muitas vezes, entregou os anéis para não perder os dedos. A aprovação da Constituição cidadã de 1988 é o exemplo cabal disso – deixou passar alguns artigos que beneficiariam a base da pirâmide, mas tiveram o cuidado de adiar para um futuro longínquo o cumprimento das leis, sempre com a ve­lha desculpa de que não havia recursos, e com isso ganharam tempo para ardilosamente ir excluindo os direitos da popula­ção mais humilde que, segundo ele, seriam excessivos.

A democracia brasileira é exercida pelo povo só no momento que deposita o seu voto, pois o candidato, depois de eleito, passa a achar que não deve mais satisfação de seus atos – sabe o que está fazendo e tudo será feito para o bem de todos, embora não sejam consultados para saber se os eleito­res concordam ou não. E para piorar a situação, a aprovação da lei que limita os gastos do setor público para os próximos vinte anos vai deixar de joelhos a população mais humilde, e vai permitir que os novos prefeitos que tomaram posse por todo o Brasil abram as suas caixas de maldades.

O prefeito de Ribeirão Preto, Duarte Nogueira, foi um bom discípulo da política que vai atrasar o Brasil por mais um século, pois como deputado federal votou a favor de todas as leis que minguam a vida do trabalhador. Foi partícipe de todas as mazelas que estamos sofrendo, e ainda vamos sofrer.

Conhecido por suas atitudes antidemocráticas, o PSDB, por onde passa, deixa a sua marca, e em Ribeirão Preto não vai ser diferente. E as primeiras medidas tomadas pelo novo governo mostram que a música vai ser a mesma. A situação deixada pela administração anterior é mais grave do que em outros tempos, mas os remédios são sempre os mesmos – cortar gastos, mesmo que seja só para inglês ver.

Tanto lá quanto cá, a destruição das conquistas sociais vão se materializando. O ministro da Saúde, como um bom discípulo da maldade, baixou um decreto cortando em 50% o número de médicos que atendem nas UPAs (Unidade de Pronto Atendimento), como se isso fosse a coisa mais natural do mundo. Dizem que têm muitas UPAs prontas, e outras tantas sendo construídas (mas não foram eles que fizeram), e não tem médicos para fazê-las funcionar, e essa atitude sim­ples vai resolver o problema. Segundo o ministro, “é melhor ser mal atendido do que ficar sem atendimento”.

O Estado, que deveria proteger principalmente a popula­ção mais pobre, se tornou o seu maior algoz.

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