Rosemary Conceição dos Santos*
Educadora, pedagoga, escritora, feminista e ativista equatoriana, Raquel Verdesoto (1910-1999) dedicou-se ao gênero lírico e ao gênero biográfico. Em Ambato, cidade no centro de Equador, iniciou seu trabalho como professora no Colégio Municipal de Cevallos, etapa em que suas preocupações literárias surgiram no imprensa local. Em 1934 publicou um livro de poemas que escandalizou a sociedade de sua época, “Sin mandamentos”, retornando a Quito para prestar seus serviços na escola Rosario González de Murillo, anexa à Escola Normal Manuela Cañizares. Na Universidade Central do Equador especializou-se em Literatura e completou a carreira como Doutora em Ciências da Educação. Vale a pena citar as palavras de Nela Martínez, num artigo dedicado a Raquel Verdesoto: “Ela era doutora, antes de lhe darem o título”. Durante três décadas foi responsável pela cadeira de Literatura da Escola Normal Manuela Cañizares. Trabalhou na Escola Experimental Manuel María Sánchez e na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências da Educação, sendo uma das primeiras mulheres que, juntamente com Matilde Hidalgo e Moraima Carvajal, lecionou naquela Faculdade. A Universidade Central do Equador, em reconhecimento aos seus relevantes méritos, nomeia-a Professora Honorária.
Pertencendo aos grupos literários “Avanzada” e “Barros”, na província de Tungurahua, funsou, por convicções socialistas, e juntamente com Nela Martínez, Luisa Gómez de la Torre, Isabel Herrería de Saad e outras colegas, a associação “Alianza Femenina” e posteriormente “Mujeres del Ecuador”. Autora da primeira biografia ficcional escrita por uma mulher no país, da lutadora política e social Manuela Sáenz (2 volumes, Quito, 1963), e das coletâneas de poemas “Labios en Llamas” (1936), “Recogí de la Tierra” (1977), “Ésta Fábula” (inédito), “Del Profundo Regreso” (inédito), e “Patio de Recreo (inédito), Verdesoto também se dedicou aos escritos sobre teatro, a obras de caráter didático (“Missão no Uruguai, Quito, 1950”; “Canções de ninar e escola e vida”, em colaboração com os escritores argentinos José Mas e Clara de Toro y Gómez), Buenos Aires, 1955; “Lições de Literatura” (três volumes); “Lições de Literatura” (volume IV Inédito) e“Oficinas de Literatura” (três volumes) e outros, como, por exemplo: “Serie de Microbiografías de Ecuatorianos Ilustres” (Ambato: Imprenta Municipal, 1949), “Juan Montalvo, fusta de las tiranias, 1832-1889” (1949),
“Atahualpa: Raíz auténtica de la nacionalidad ecuatoriana, 1497-1533” (1949), “Rumiñahui: El defensor heroico del reino” (1949), “Juan Pio Montúfar, marqués de Selva Alegre, primer presidente de la Junta Revolucionaria de Quito 1762-1822” (1949) e “Manuela Sáenz Tomo I y II” (Quito: Editorial Casa de la Cultura Ecuatoriana, 1963). Um poema de sua autoria?
Del Futuro Silencio
¡Señor! Le han fastidiado mis amores enfermos
y no quiere que sea la luz de su camino;
volverá mi salvaje planta de peregrino,
e iré por otras rutas, con mis cantares yermos.
Mi canción escarlata se hará melancolía,
tengo un presentimiento sin lágrimas y vago,
no charlarán ya luego las ondas de mi lago
y el perfil de tu historia se borrará en un día.
Quizás como ironía, cuando la luz se zarca,
en busca de un marino, yo embarcaré mi nave,
con las pupilas lánguidas, desengañado, grave,
él regrese en mi barca.
(De Sin Mandamientos, 1934)
Promesa
A veces imagino que el tempo se detiene
escucho su silencio
luego uma voz muy leve
que viene desde lejos
Estás entre nosoutros
? y llegas cada noche
a rondar el refugio
donde anida mi pena…?
Recuerda que algún día
hicimos la promessa de acompañarnos siempre?
aún em el mistério, más allá de la tierra.