Rosemary Conceição dos Santos*
Juan Pablo Castro (1971 – ) é um escritor equatoriano, considerado uma das vozes mais proeminentes da literatura equatoriana contemporânea. Conhecido por conduzir seus leitores por caminhos narrativos que entrelaçam o autobiográfico e o ficcional, Castro trata de amor e de perda nas falas de suas personagens femininas, que refletem sobre suas tristezas e lembranças ao longo de suas vidas. No romance “Mizuko: los Niños del Agua”, o eixo é a dor. Escrito do ponto de vista das mulheres – das mulheres, dos seus segredos e encruzilhadas – o livro assemelha-se à viagem de um navio num rio de sangue. marcas, letargia e dor. Por este romance, o autor recebeu o Premio Nacional de Literatura Aurelio Espinosa Pólit 2022.
Dono de extensa obra, de sua autoria temos “La estética de la gordura” (2000), “La noche japonesa” (2010), “Los años perdidos” (2014), “La curiosa muerte de María del Río” (2016) e “El jardín de los amores caníbales” (2019). Neste contexto, sua carreira literária é vista pelo autor como uma “evolução da consciência”. Para ele “o maravilhoso da leitura é que justamente nela existem sinais ou coordenadas que nós, escritores, não conhecemos. Escrevendo cerca de oito meses, lembro-me de quando estávamos no meio da pandemia. No momento mais difícil e, para meu benefício, tive a necessidade emocional de escrever. Dessa forma, tive a concentração de muitas horas. A revisão e edição levaram cerca de um ano e oito meses… Na verdade, diz-se que um romance ou livro termina com o ato de ler aquele assunto. Então, espero que nisto existam outros elementos como a realidade, os objetos, as casas como espaços habitados, a memória, o desgosto ou o desejo. Essas podem ser algumas das entradas para entrar neste universo”.
Ao receber o Prêmio Aurelio Espinosa Pólit 2022, Castro afirmou “sempre foi uma aspiração para mim ganhar este prémio, que é o de maior prestígio da literatura equatoriana e ao qual por vários motivos não tive acesso”. Questionado sobre a diferença literária que “Mizuko: los Niños del Agua” tem com “El jardín de los Amores Caníbales” (2019) e com “La Curiosa Muerte de María del Río” (2016), o autor esclareceu que ambos são registros diferentes. “ ‘El jardín de los Amores Caníbales’ tem uma singularidade que é comum: ambos optam por uma linguagem lírica e poética. Já “La Curiosa Muerte de María del Río” é um romance policial, totalmente distante dos outros dois. Antes de ‘La estética de la gordura’ escrevi “Ortiz”, ambos tendo sido dois romances muito experimentais e iniciais. Eu tinha muito mais liberdade do que agora. Eu tinha mais possibilidades de imaginação. Mas agora acredito que algo mais foi alcançado, especialmente na consciência”.
Morando em Quito desde 1983, afirma que a capital influencia o seu trabalho, seja na temporalidade, seja nas suas ruas, seja na idiossincrasia de seu povo e das experiências vividas por ele próprio nesta cidade. “Acredito que se é um ser da cidade. Trata-se de um ser do ambiente e da atmosfera que se constrói. A literatura tem uma condição: que a realidade dolorosa, bela, maravilhosa ou triste seja estetizada através das palavras. Com isso, há uma base realista da qual surge, sempre mitificada pelo ato de linguagem. A consciência é o motor mais complexo de um escritor. Tenha uma dimensão do que você pode fazer e do que não pode fazer. Eu descreveria meu processo de evolução como processos de consciência”..
Afirmando que os reconhecimentos não são um fenômeno indescritível para ele, Juan Pablo Castro também recebeu o prêmio do Concurso Nacional de Literatura Luis Félix López por sua obra ‘Crueles cuentos para niños viejos’ (2014) e o prêmio Joaquín Gallegos Lara por “La Curiosa Muerte de María del Río” (2016).
Professora Universitária*