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O Equador e sua literatura (29): María Fernanda Espinosa 

Rosemary Conceição dos Santos* 

María Fernanda Espinosa (1964 -…) é uma poetisa e ensaísta equatoriana que, antes de iniciar sua carreira política e diplomática, foi Professora Associada e Pesquisadora na Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO), com unidades no Equador, Chile, México, Argentina, Costa Rica, Guatemala, El Salvador, República Dominicana e Brasil. Nesta instituição, Espinosa criou e coordenou o Programa de Estudos Socioambientais, atuando como consultora em biodiversidade, mudanças climáticas e políticas para povos indígenas (1999-2005) e, posteriormente, como diretora regional para a América do Sul da União Internacional para a Conservação da Natureza UICN (2005-2007). 

Nascida em Salamanca, na Espanha, durante uma estada de seus pais na cidade. Estudando no Lycée La Condamine, na França, formou-se em 1980, tornando-se fluente em francês, inglês e português. Com mestrado em Ciências Sociais e Estudos Amazônicos, e pós-graduação em Antropologia e Ciência Política, pela Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales, de Quito, e licenciatura em Linguística Aplicada, pela Pontifícia Universidade Católica do Equador, chegou a realizar, entre 1994 e 1997, estudos de doutorado em Geografia na Rutgers University, mas não concluiu sua Tese de doutorado.. 

Política e diplomata equatoriana, Espinosa foi a Presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas na 73ª sessão de 2018 a 2019. Serviu como Ministra das Relações Exteriores no governo do presidente Lenín Moreno de maio de 2017 a junho de 2018, ocupando vários outros cargos ministeriais antes, inclusive como Ministra da Defesa Nacional de 2012 a 2014. De 2008 a 2009, Espinosa também serviu como Representante Permanente do Equador junto às Nações Unidas, em Genebra, o que se repetiu de 2014 a 2017. 

De acordo com especialistas, durante seu mandato como 73ª Presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, María Fernanda Espinosa convocou um grupo de mulheres líderes para promover a sensibilização e o compromisso internacional para impulsionar a participação política das mulheres. Realizando vários eventos de alto nível sobre o empoderamento feminino, neles reuniu mulheres Chefes de Estado e de Governo e outras figuras femininas importantes para fazer avançar a agenda da igualdade de gênero. Durante a sua presidência, coordenou a adoção da Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Camponeses, o Pacto Global sobre Refugiados e o Pacto Global para uma Migração Segura, Ordenada e Regular em dezembro de 2018. 

Em 2019, María Fernanda lançou o Ano Internacional das Línguas Indígenas, liderando evento de alto nível sobre cultura e desenvolvimento sustentável. Como presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, promoveu uma campanha mundial contra a utilização de plásticos descartáveis e conseguiu a eliminação completa dos plásticos descartáveis nas sedes das Nações Unidas em Nova Iorque e Genebra. Em 2020, María Fernanda Espinosa foi nomeada pelos chefes de governo de Antígua e Barbuda e São Vicente e Granadinas para o cargo de secretária-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA).  

Na poesia, destaca-se como uma das maiores vozes de sua geração; enquanto na ecologia tem desenvolvido sua atividade na academia e em organismos internacionais dedicados ao meio ambiente, com especialidade: os povos indígenas e a Amazônia. Para Espinosa “a cooperação deve ser uma parte fundamental da relação entre os países e a política externa. Não se trata apenas de fluxo de recursos, mas também de formas de colaboração e construção de agendas e prioridades de interesse comum. E dentro deles, os aspectos que remetem aos povos amazônicos e às ações ambientais”. Especificamente, foi consultora do Equador em políticas étnicas e reforma do Estado no projeto sobre esta matéria realizado no México no final dos anos noventa. 

Publicou três coletâneas de poemas e uma antologia: “Caymándote” (1990), “Tatuaje de selva” (1992), “Loba triste” (2000); “Antología poética” (2005), nas quais predominam poemas curtos, com versos curtos, de grande força expressiva. Ironia, cuidado com o ritmo e exploração da memória são outras de suas características. Em todos eles destaca-se a presença dominante de motivos eróticos, uma poesia sensual e poderosa. Ganhou o Prêmio Nacional de Poesia do Equador em 1990. Sua obra foi publicada em antologias como “Colages And Bricolages” (1993); “International Poetry Review” (1994); “Hispamérica”, de la Universidad de Maryland (1996), revista “Alforja”, de México (2002); “Mujeres poetas en el país de las nubes”, Colección Vitzu, México (2003), entre outros. Ofereceu recitais de poesia na Espanha, Suíça, Chile, Argentina. Um poema de “Loba triste” (2000)? Poética: “Lo temporal está en nosotros como en las ranas su metamorfosis. Atados a la escritura para no morir, nos enlazamos verbales jungláseos lianas buscando el eco. Así el pasado permanece empoemado”. Tradução: “O temporal está em nós como nas rãs a sua metamorfose. Amarrados à escrita para não morrer, ligamos cipós verbais da selva em busca do eco. Assim o passado permanece empoemado”. 

Professora Universitária* 

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