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O Equador e sua literatura (23): Francisco Proaño 

Rosemary Conceição dos Santos* 

De acordo com especialistas, Francisco Proaño, (1944 – …) é um escritor, poeta, crítico literário e diplomata do Equador. Como embaixador, Proaño representou seu país nas embaixadas da terra natal, bem como na Colômbia, Cuba, Nicarágua, Costa Rica, Argentina, na ex-Iugoslávia e na ex-União Soviética, cultivando, ao mesmo tempo, seu ofício de contador de histórias. Nascido em Cuenca, em 1944, o autor cresceu no centro histórico colonial de Quito, que estudiosos afirmam ter impactado sua obra. Grande parte de seus escritos se passa em Quito, focalizando, muitas vezes, temas como envelhecimento, derrota e passagem do tempo, além do colapso e transformação social à medida que novos valores surgem com o surgimento da modernidade. 

Ainda segundo especialistas, quando na casa dos 20 anos, Proaño fundou a influente revista literária Z, afiliando-se ao movimento “Tzántzicos”, uma referência aos indígenas Shuars do Equador e à sua prática de encolher as cabeças inimigas. Contudo, com os Tzántzicos, com a sua abordagem crítica do establishment da escrita, o seu encolhimento foi literário, e não literal. Seus colegas Tzántzicos incluíam autores equatorianos notáveis como Ulises Estrella, Rafael Larrea, Raul Arias, Ivan Carvajal, Humberto Vinueza, Abdón Ubidia, José Ron e Antonio Ordóñez. 

Sua carreira no Serviço Exterior do Equador começou em 1966, servindo como cônsul na Colômbia. Em 1981, durante sua estada em Havana, ele e o embaixador do Equador foram sequestrados por dissidentes armados, mas posteriormente libertados, e permaneceu em Cuba até 1984. Dois anos depois, renunciou ao trabalho com o governo equatoriano em protesto contra o presidente León, após a afirmação de Febres Cordero de que “não houve violações dos direitos humanos no Equador”. No entanto, mais tarde regressou à carreira diplomática, sendo nomeado embaixador na Jugoslávia em 1990, no momento em que as guerras dos Balcãs começaram a dividir o país. Posteriormente, retornou à América do Sul, representando o Equador em vários estados latinos antes de servir como embaixador na Organização dos Estados Americanos. 

Seu conto “Oposición a la magia” (1986) ganhou o segundo lugar no Concurso Internacional de Curtas de Ficção da Revista Plural no México em 1982; seu romance “Antiguas caras en el espejo” (19840 ganhou o prêmio nacional Jose Mejia Lequerica no Equador de ficção, e sua antologia “Historias del país fingido” ganhou o prêmio Joaquin Gallegos Lara Prêmio Nacional em 2003. Colaborando em revistas como La bufanda del sol, Pucuna, Letras del Ecuador, Indoamérica y Palabra Suelta., seu trabalho jornalístico, prolongado ao longo dos anos, colocou sua assinatura no jornal Hoy, de Quito, do qual foi editorialista. 

Autor de uma coletânea de poemas ( Poesías , 1961), Proaño ilustra em sua obra narrativa não tanto o realismo mágico e paradoxal, latente no cotidiano de Quito, mas sim a solidão e o mal-estar que tomam conta de seus habitantes quando a sombra do desencanto vem depois deles. Isso está implícito nos romances “Antiguas caras en el espejo” (1984) e “Del otro lado de las cosas” (1993), e nos volumes de contos “Historia de dissecadores” (1972), “Oposición a la magia” (1986) e “La doblez” (1986). 

Por incorporar o melhor da narrativa de Quito, Proaño aparece em diversas antologias de contos. Entre estes últimos, vale citar “Quito: del arrabal a la paradoja” (1985), “Así en la tierra como en los sueños” (1991), “Cuento contigo” (1993), Vinte e um contadores de histórias equatorianos (1996) e “Veintiún cuentistas ecuatorianos” (1996) e “El cuento ecuatoriano de finales del siglo XX” (1999). Nas palavras do escritor: “Sempre recomendo aos jovens que querem escrever, que leiam muito, porque as leituras ajudam a formar um estilo; claro que chegará um momento em que será necessário tornar-se independente dos professores…em meu caso, acho que entre leituras, ambiente, necessidade de expressar algo, influências culturais e familiares, houve um resultado que entendo foi o que Rodríguez Castelo descobriu, o de dizer que havia um escritor para mim, e também para identificar outros com a mesma vocação ou com a possibilidade de ser o que chamamos de escritor”. 

Professora Universitária 

     

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