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O ensino público no estado

No editorial de sábado passado (09/06/18) deste TRIBUNA, sob o título “REMUNERAÇÃO DE PROFESSORES”, foi demonstrada a falta de consciência do poder público brasiliano em relação à Educação como um todo e os profissionais de ensino em particular, quando se evidenciou a relação entre a remuneração de profissionais de nível superior em geral com aqueles que se dedicam ao magistério, em particular Quando iniciei a atividade lecionando em escola pública, no início da década de sessenta do século passado, meus proventos eram semelhantes aos dos juízes e promotores; hoje aposentado desde 1992, eles não chegam a três mil reais!

Outro dia, em uma das minhas leituras diárias, tive a oportunidade dereler o depoimento de uma médica envolvida na tentativa de salvamento do escalador brasileiro Bernardo Collares que sofreu um acidente fatal no topo do monte Fitz Roy, a mais de três mil metros de altura, lá na Patagônia na década passada.

Dizia aquela profissional que “a morte por hipotermia é uma das menos dolorosas, e que ele esteve num dos lugares mais lindos do mundo para um escalador”.
Isto me fez dar uma repensada na existência de um professor do Ensino público do Estado de São Paulo.

Inicialmente ele enxerga aquela maravilhosa montanha e aceita o desafio de a escalar! Com um grande esforço, utilizando cordas trançadas por ele mesmo, pois as fornecidas pelo estado não são confiáveis, consegue, se não chegar ao cume, quase isto e lá pretende saborear a vista que lhe depara.

Suas forças exauridas e a ausência de mais matéria prima para produzir seus equipamentos fazem com que se utilize daqueles fornecidos pelo estado; eis que em um dado momento as cordas se rompem o destruindo…

Esta estória comparativa reflete muito a vida de um professor do Ensino Fundamental e Médio da escola pública de São Paulo. A paisagem é linda; o esforço para chegar ao topo não lhe permite apreciar… quase chegando ao topo, o estado lhe rompe o apoio!

Muitos profissionais inteligentes analisam o sacrifício e vão embora nos primeiros patamares. Outros, por teimosia ou idealismo sem ter a mínima idéia dos perigos que irão enfrentar,tampouco do tipo de material que o estado irá lhes fornecer, quando do início da descida para suas aposentadorias, mal sabem que sempre as cordas se rompem lançando-os contra a pedra e a neve de seus cabelos brancos, os fazendo desaparecer na hipotermia da vida.

A mais bela paisagem que existe a um escalador – e o professor nada mais é que um escalador que procura fornecer um pouco de cultura aos jovens, começa a esmaecer desaparecendo nos seus olhos cansados.

Não podemos mais nos permitir ficar calados mediante esta falta de sensibilidade, para não dizer a sordidez que os governos pós Montoro estão tratando os profissionais da Educação do ensino público do Estado de São Paulo.

Gostaria de mais uma vez lembrar as autoridades que com Educação há segurança; com Educação há saúde e principalmente, com Educação há Educação.
Com a palavra as suas excelências que tomarão posse a primeiro de janeiro próximo. Espero que não mintam mais do que já mentiram…

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