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O efeito Kolinda e a esperança

Como explicar que uma figura da política possa fazer mais sucesso que muitos jogadores em uma Copa do Mundo? As imagens da presidente da Croácia, Kolinda Grabar Kitarovic, rodaram o mundo e ganhou o coração de muitos brasileiros, justamente em um ano eleitoral e de tanto descontentamento com a classe política.

Até a cena dela tomando chuva na cerimônia de pre­miação ganhou admiradores. Mas, como assim? Tomar chuva é algo tão normal, não é? Infelizmente, para a grande elite do poder, não. Em um mundo cada vez mais desigual o que se viu foi a necessidade da população ter uma figura política para chamar de sua representante. O brasileiro busca um semelhante nos corredores do poder. Ele quer se ver em alguém.

Kolinda chamou a atenção por viajar para a Rússia em voo comercial, pagar a viagem do bolso e ainda pedir para ter descontado do salário os dias que ficou sem trabalhar por causa dos jogos da seleção da Croácia, que fez bonito na Copa e chegou na final.

A presidente da Croácia ainda acompanhou todos os jogos da primeira fase da arquibancada, ao lado dos torcedores comuns que estavam assistindo à Copa. Nada de tribuna de honra – consegue imaginar Michel Temer, Trump ou Putin nesta situação?

Muitos com certeza passaram a torcer para a Croácia não pelos jogos do craque Modric e cia, mas pelo que surgia na internet sobre a presidente daquele país.

É claro que o que chegou sobre a presidente Kolinda e dominou as redes sociais é apenas uma amostra do seu lado mais pessoal. Não dá para se ter uma noção da qualidade de seu governo com a análise do que ocorreu na Copa. Nas mes­mas redes sociais, com menos entusiasmo é claro, também se acham notícias que desabonem a presidente croata. O que chama a atenção é a reação do público brasileiro a gestos que antes seriam simples.

O efeito Kolinda mostra como o povo brasileiro não aguenta mais se sentir tão distante da classe política. Os brasileiros não aguentam ouvir mais falar que presidente e famíliam gastam milhões em cartões corporativos, que mi­nistros usam jatinhos da Força Aérea Brasileira ou que juízes, senadores e deputados ganham auxílio moraria que custam milhões aos cofres públicos. Na verdade, todos gostariam de mandar tudo isso para mais longe que a Croácia.

Ficou claro que a população não odeia os políticos. Ela odeia esses políticos que aqui estão. Ela quer alguém que, independente se faça sol ou chuva, seja realmente um igual, não apenas uma figura intocável, distante do que realmente todos pensam.

Por aqui, fica a esperança que esse personagem saia do mundo virtual e conquiste a confiança de nossa população.

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