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O deus dinheiro! (parte I)   

Cleison Scott *
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(Igual a inúmeras pessoas há muito venho buscando uma explicação racional para a falta de lógica do comportamento prevalescente da Sociedade que recebeu o dom maior da Vida, gratuitamente, mas se esforça com um empenho invejável na busca de como dar um ‘valor’ monetário a tudo. É claro que essa é uma busca que só pode resultar em frustração, levando os seres humanos a uma intranquilidade permanente, pois o saber gnóstico grita dentro de cada um de nós que a Vida não tem preço. A maioria dos que agem como eu, consciente ou inconscientemente espera identificar “O CULPADO” por tantos males, desencontros e sofrimentos que parecem ser parte inerente do próprio existir. O que vamos encontrando ao longo desse caminho, são razões responsáveis, que também colaboram para promover o sofrimento generalizado, mas, não há garantia de que sua eliminação possa corrigir a situação.

Entre 2008 e 2012 escrevi um livro Da Ilusão à Luz, no qual descrevo as incontáveis análises que elaborei na busca de respostas racionais para tantos comportamentos irracionais. Uma delas foi sobre o deus dinheiro, sua história e influência na vida da humanidade. Por entender que conhece-la pode ajudar muitas pessoas a encontrarem sugestões factíveis para sua permanente intranquilidade resolvi transcrevê-las aqui. É claro que o dinheiro em si não é nem bom e nem mal, mas a relação humana com ele é seguramente uma das principais responsáveis pelos males consequentes. Seria impossível fazê-lo no espaço de um único artigo, então, como as séries estão na moda, o farei em alguns capítulos, e este é o primeiro)

Muitos sonharam em dominar o mundo. Guerras e mais guerras aconteceram pela motivação daqueles que imaginaram ser possível conseguir dominar a todos, bem como conseguir possuir todas as coisas existentes em nosso planeta, para as quais seu egoísmo apontasse. Até cerca de 2.600 anos atrás a humanidade viveu sem usar o dinheiro como o conhecemos hoje, fazendo do escambo a principal forma de negociar. Num pequeno reino da antiga Anatólia (onde hoje é a Turquia), na Lídia, nasceu aquele que viria a dominar o mundo. Aquele que, sem fazer qualquer esforço, sem impor sua vontade e sem alarde, seria reverenciado, amado e adorado por todos. Aquele que é mais amado que a melhor das amantes, que dá àqueles que gozam de sua companhia domínio sobre todos, que permite possuir tudo que nosso egoísmo imagina poderia nos dar prazer, aquele que mantém índice de aprovação jamais atingido por qualquer ditador, uma glória tão sonhada e jamais alcançada, o deus dinheiro.

A mesma cédula, com o mesmo número de série e a mesma assinatura do ministro da fazenda autorizando sua impressão, que você usa para alimentar seu filho o traficante usa para desgraçar a vida dele e a sua em frente à escola. O dinheiro como tudo na vida não é nem bom e nem mau, é um simples meio para facilitar as trocas e as relações humanas. O uso que fazemos dele é que pode ser bom ou mau. Por esse pedaço de papel colorido, no entanto, filhos traem e até matam seus pais e vice-versa, a esposa trai o marido, amigo abandona amigo e mesmo quem tudo tem age de forma vil para ter ainda mais.

Felipe IV da França, por exemplo, difamou os Cavaleiros da Ordem do Templo (Os Templários – Piers Paul Read – Imago Editora, 2001) e os dizimou nas fogueiras da inquisição sem dó e nem piedade, embora estes, enquanto existiram, sempre defenderam, até com a própria vida, os interesses do reino francês. A ordem nasceu pobre, constituída por homens pobres, mas de muita fé, que se determinaram a defender e consolidar os planos do papa Urbano II, que queria manter livre e seguro o caminho dos peregrinos que desejassem ir da Europa para a Palestina visitar os lugares sagrados de Jerusalém. É bem verdade que, intimamente, Urbano também almejava colocar Jerusalém em mãos cristãs, pois entendia ser uma afrontater os lugares frequentados por Jesus sob domínio muçulmano. Devido a uma série de circunstâncias, a Ordem acabou muito rica, possuindo muitos bens e dinheiro vivo, uma vez que, por necessidade e facilidade servia a muitos como se fosse um banco e como tal chegou a emprestar dinheiro aos próprios reis franceses. Sua lealdade e magnanimidade, entretanto, não foram suficientes para aplacar a sede de Felipe, cujo cognome era O Belo, mas que agiu muito feio, quando viu sua caixa vazia e a dos Templários abarrotada, pois mesmo pertencendo a uma Ordem rica seus membros sempre mantiveram uma conduta franciscana. (continua)

* Administrador de empresas com especialização em Marketing 

 

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