Os estudiosos que endossam a teoria cognitiva social compartilham a visão behaviorista de que a aprendizagem tem um papel importante na formação da personalidade. Todavia, diferente da concepção behaviorista sobre as representações mentais, constructos não observáveis como motivação, agenda pessoal e autoeficácia são centrais para os cognitivistas. De fato, esses conceitos, fundamentais na teoria cognitiva social, contrastam-na com a posição behaviorista sobre o ambiente como o único determinante do comportamento. Teóricos cognitivo sociais argumentam que, diferente dos animais, os seres humanos têm capacidades cognitivas genuínas, bem como, que o estudo das espécies não humanas fornece apenas informação limitada sobre a natureza humana.
Como humanos, nós podemos refletir sobre o passado, interpretar o presente, planejar e antecipar o futuro e decidir como nos comportarmos. Todos esses aspectos são processos cognitivos e ignorá-los seria omitir os temas mais importantes sobre o comportamento humano. Em outras palavras, o paradigma da cognição social traz de volta à psicologia seu caminho original de investigação, a saber, a mente, mesmo que o comportamento ainda permaneça importante variável observável nos estudos psicológicos.
Pergunta-se, então, “Como o teórico cognitivo social descreve a estrutura da personalidade?”. Em essência, ele sustenta que as cognições fundamentais e crenças são adquiridas ao longo do curso da vida de um indivíduo, determinando diferentes maneiras de ver o mundo, pensando-o e interagindo com. Para o teórico, quatro elementos são fundamentais: competências e habilidades, expectativas, valores subjetivos e metas. O primeiro se refere às competências e habilidades, coisas que uma pessoa pode realmente fazer, como a habilidade para escalar uma montanha, convencer um amigo deprimido, etc. O segundo trata das expectativas, ou seja, das crenças sobre as prováveis conseqüências das ações, bem como, as prováveis ações de outras pessoas, a probabilidade de ser bem-sucedido numa tarefa particular e assim por diante. Se você acredita ser capaz de ser aprovado num exame, e que revisar o conteúdo aumentará a probabilidade disso, você deve investir mais no processo de revisão, o qual, por sua vez, melhorará seu desempenho no exame. Inversamente, se você acha que irá fracassar, mesmo estudando, você, provavelmente, evitará estudar e fracassará.
O terceiro processo envolve os valores subjetivos, o quanto uma pessoa deseja, ou almeja, um resultado que ela acredita que o comportamento poderá produzir. Assim, se, em adição às expectativas sobre ser aprovado no exame, você também valoriza fortemente o sucesso acadêmico, por conseqüência você se dedica mais ao processo de revisão do conteúdo. Certamente, essa é uma razão que justifica pagarmos as pessoas para fazerem coisas nas quais elas são exímias: elas certamente fazem bem-feito e tem motivação para fazê-lo. O quarto processo trata das metas, isto é, das representações mentais das metas que nossas ações buscam. As metas são o que nos habilitam a regular e dirigir nosso comportamento, contribuindo para nossa capacidade de exercer controle sobre nossas vidas. Se você estabelece objetivos difíceis, mas alcançáveis, e os faz específicos, seus comportamento será mais persistente e dirigido do que se você estabelecer objetivos fáceis e vagos.
De acordo com a teoria cognitiva social, alguns desses processos cognitivos podem variar nas personalidades, pois os mesmos são altamente dependentes da situação. Por exemplo, um importante aspecto relacionado à expectativa é a autoeficácia percebida, ou seja, a crença de uma pessoa sobre sua habilidade para desempenhar os comportamentos necessários para alcançar os resultados desejados. As pessoas, dependendo de diferentes contextos e situações, podem, por certo, diferir substancialmente nas percepções de autoeficácia. Já um segundo aspecto que deve ser considerado é a flexibilidade, isto é, a capacidade para mudar. Teóricos cognitivos sociais entendem que muitos processos cognitivos são adquiridos através de aprendizagem, bem como, a maioria da aprendizagem ocorre através da interação social e observações no mundo real, que eles denominam modelagem, mesmo na ausência de reforçamentos.
Finalmente, diferente de outras teorias que vêem a personalidade como fixa e imutável, os cognitivistas sociais afirmam que as pessoas podem, e mudam, ao longo de seu ciclo de vida. Àquelas em que estão faltando habilidades ou crenças é possível se engajarem em novas interações e observações do mundo, adquirindo novas habilidades, crenças e maneiras de ver as coisas.