Há mais de um século atrás (1872), Charles Darwin destacou que a comunicação e a expressão das emoções tinham considerável utilidade para a sobrevivência. Para ele, expressões emocionais como, por exemplo, as faciais, as posturais e as tendências para ações, entre outras, serviam, num grupo social, para sinalizar mensagens aos outros, de modo que comportamento e ação pudessem ser harmoniosamente coordenados com o perigo iminente a ser evitado ou sublimado. Ou seja, expressões associadas à ansiedade, universalmente reconhecidas, alertam os outros para situações potencialmente perigosas, informando-os da ameaça.
Ansiedade, portanto, enquanto emoção funcional com profundas origens evolutivas, reflete o fato de a Terra ser, desde os primórdios, um ambiente perigoso para se habitar, com os humanos sempre necessitando observar os perigos existentes no ambiente. Logo, vem do início da humanidade que humanos e predadores, agressivos e competitivos que são, juntamente com toxinas ambientais, serem considerados fontes de perigo. Dado que a adaptação envolve sobrevivência e transferência de genes, os organismos têm desenvolvido certos mecanismos, do tipo medo e ansiedade, para lidarem com tais ameaças.
Assim considerando, a fim de permitir ao ser permanecer vivo e ativo, evitando perigos no ambiente e sendo capaz de perpetuar sua genética na geração seguinte,as reações ansiedade e medo tornaram-se elementos centrais na evolução dos mamíferos. Na psicologia evolutiva moderna, as emoções são programas universais afetivamente conectados, designados para servirem como barômetros do funcionamento do ego. Com isso, emoções como a ansiedade, e similares, servem como indicadores online de quão bem sucedidos, ou não, os humanos são na adaptação às ameaças e desafios d seus ambientes imediatos.
Uma visão funcional da ansiedade como informação sugere que esta representa, e sinaliza, ao indivíduo informação relevante sobre o perigo em face à incerteza. Portanto, na presença de nervosismo e ansiedade, indicadores de que alguma coisa importante é ameaçadora são percebidos, bem como, que os recursos pessoais estão em perigo ou ameaçados. Frequentemente, a ameaça é social por natureza, como, por exemplo, os perigos de perder recursos materiais e físicos para outros, bem como, o status social e a afeição de pessoas amadas.
Ansiedade social, portanto, é concebida como algo originado no sistema de dominância – submissão, com a função adaptativa tendo sido promover a sobrevivência dentro de tal ordem social. De modo similar, o medo sentido pelos animais provavelmente se originou do medo pré-histórico dos predadores em geral. Disso advém que o homem moderno pode reagir com medo aos estímulos que, no passado, ameaçaram a sobrevivência de seus ancestrais. Exemplos? Espaços abertos, ruídos elevados, alturas incalculáveis e similares, os mesmos que, entretanto, hoje tem pouco valor de ameaça.
Estudos recentes têm identificado quatro classes de medo: a) eventos interpessoais, como medo da crítica, da avaliação pessoal, da rejeição, do conflito e da agressão interpessoal; b) medo relacionado à lesão física, como morte e doença; c) medo de animais; e d) medo de espaços abertos (agorafobia). Naturalmente, se ansiedade pode ser associada com medo específico, ainda é um tema em debate. Sobre elas trataremos mais adiante.