Ansiedade, multifacetada que é, quando tomada como um todo apresenta funções adaptativas, influenciando comportamento e boa ou má adaptação ao ambiente. Para melhor entender as influências da ansiedade no comportamento e na adaptação torna-se necessário decompô-la em seus três elementos chaves, que são suas facetas cognitiva, afetiva e comportamental.
O componente cognitivo da ansiedade se relaciona a como a informação é processada em situações estressantes. Ansiedade pode ser acompanhada tanto por mudanças nos processos cognitivos, como, por exemplo, chamar a atenção por uma ameaça, quanto nos conteúdos da cognição, isto é, nas ameaças particulares sobre as quais a pessoa está pensando. Preocupação é comumente observada como o componente cognitivo mais poderoso da ansiedade, referindo-se a inquietações sobre como impedir e antecipar eventos estressantes que as pessoas sentem estar fora de seu controle. Disparada por indícios que indicam algum evento indesejado, tais como, fracassar numa tarefa importante que é iminente, preocupação pode interferir com a cognição especialmente quando ela é prolongada, uma vez que a pessoa “rumina” o problema repetidamente, sem achar solução satisfatória.
Por outro lado, a ansiedade, em nível moderado, pode trazer alguns possíveis benefícios, um deles sendo a solução de problemas. Neste caso, a preocupação pode ser uma forma mental de solução de problemas que ajuda a antecipar os resultados negativos assim que as soluções sejam encontradas. Outro benefício é a função motivacional. A preocupação pode ativar intensos comportamentos motivados e orientados para a tarefa. Outra função é o controle da situação. Pessoas ansiosas podem entender que, quanto mais elas se preocupam com as consequências negativas, menos estas têm a probabilidade de ocorrer. Indivíduos que se preocupam excessivamente acreditam que isso os ajuda a terem algum grau de controle ilusório sobre o ambiente, impedindo que desfechos negativos ocorram.
A faceta afetiva, ou emocional, da ansiedade consiste das excitações fisiológicas ou dos sintomas objetivos, bem como, das percepções mais subjetivas e da tensão e emoções corporais. Forte excitação emocional, como aquelas relacionadas à ansiedade, ativam o sistema nervoso simpático, que dirige o corpo para um elevado gasto de energia. Do ponto de vista adaptativo, estas reações somáticas e ou afetivas aumentam o vigor das respostas musculares requeridas para escapar do perigo, enquanto interrompendo atividades potencialmente distratoras, tais como comer ou beber.
Por sua vez, a faceta comportamental está relacionada aos comportamentos defensivos nos animais, que envolvem escapar ou evitar a ameaça. Todavia, as pessoas, frequentemente, têm a capacidade de sobrepujar tais tendências biológicas básicas através do controle cognitivo do comportamento. As medidas dos indicadores comportamentais podendo ser agrupadas em quatro índices: os comportamentos motores, os comportamentos faciais, a ansiedade verbal e a ansiedade social. Juntos, esses indicadores parecem fornecer uma boa configuração comportamental de uma pessoa ansiosa.
Assim considerando, ansiedade é um construto complexo multidimensional, o que significa que ela pode ser experenciada de diferentes maneiras: perturbações de pensamento (cognição), emoções negativas (afeto), sintomas corporais (somático) e reações comportamentais. As facetas cognitivas e emocionais da ansiedade dão frequentemente distinguidas nas avaliações feitas por questionários ou escalas. Os sintomas somáticos podem ser mensurados usando as técnicas psicofisiológicas e as reações comportamentais podem ser avaliadas observando-se indivíduos em situações de laboratório ou de vida real haja vista que alguns indivíduos parecem reagir mais fortemente através de suas emoções, enquanto outros via reações comportamentais.