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O desafio de estudar ansiedade (10)

Com o propósito de investigar as origens evolutivas da ansiedade, é útil distinguir entre antecedentes distais e proximais da mesma. Os fatores distais poderiam incluir os dados biológicos e os fatores ambientais precoces que influenciam a criança, especialmente, nos padrões das relações pai-filho, experiências pré-escolares e escolares iniciais, bem como, os sucessos e fracassos acumulativos que contribuem mais diretamente nas reações da ansiedade como respostas às condições ameaçadoras ou estressantes. São ditas distais ou indiretas no sentido de que são fatores que têm seu impacto inicial como antecedente da ansiedade nos primeiros da vida, embora sua influência continue a ser sentida ao longo de toda a vida.

Contrastando, os antecedentes proximais são aqueles fatores específicos às situações estressantes e mais diretamente responsáveis pelas relações de ansiedade em contextos específicos. Por exemplo, no caso da ansiedade em relação a exames avaliativos, fatores contextuais tais como atmosfera do teste, dificuldade da tarefa, validade aparente percebida do teste, bem como, a pressão do tempo são fatores proximais possíveis de evocar ansiedade avaliativa. Enquanto aos distais é creditado modelarem ansiedade, tais como um traço de personalidade ou de disposição, aos proximais espera-se que impactem a ansiedade primariamente como um estado emocional.

Tipicamente, quando se investiga o desenvolvimento da ansiedade, há preocupação com as diferenças individuais nos traços de ansiedade ou nas variáveis a estes relacionadas. A primeira questão que usualmente surge neste cenário é se há continuidade entre a personalidade da criança e do adulto, ou seja, se crianças muito ansiosas espelharão mais ansiedade na maturidade. A segunda questão, por sua vez, indaga se a personalidade individual muda ao longo da vida, ou seja, se uma criança ansiosa teria probabilidade elevada de se tornar um adulto ansioso, enquanto outras cresceriam calmas e emocionalmente estáveis em função de seu ambiente sócio-familiar único.

A terceira questão se ocupa de saber se a personalidade se torna mais estável conforme a pessoa fica mais velha. Conseqüências? Vários fatores serem concebidos como elementos subjacentes à estabilidade da personalidade. Exemplo conhecido é o caso do término do desenvolvimento físico do cérebro ocasionando constância na influência dos fatores genéticos sobre a personalidade. Também, adolescentes e adultos tendendo a gravitar em ambientes que reforçam suas características de personalidade, como os estudantes socialmente ansiosos podendo evitar interações sociais desafiadoras no campus universitário.

Vale acrescentar o desenvolvimento de identidades estáveis e senso egocêntrico que filtram suas experiências de vida de tal modo que, se elas acreditam serem ansiosas ou inibidas, seus comportamentos serem apropriados, tendo condições de comunicar sua ansiedade aos outros. Por último, as pessoas tendem a se tornar mais resilientes com a idade, de maneira que personalidade se torna menos sensível à mudanças da realidade externa.

Assim considerando, um ponto de partida útil para análise dos determinantes da ansiedade provavelmente começa com as propriedades objetivas das situações ameaçadoras, bem como, com os significados atribuídos a situações, com particular ênfase à congruência entre as vulnerabilidades da pessoa e a natureza específica da ameaça, como, por exemplo, perigo físico, e avaliação social, num contexto particular.

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