Tribuna Ribeirão
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O Desafio da Modernidade: Trabalho, Tecnologia e Sustentabilidade 

André Luiz da Silva *
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O dia Primeiro de Maio, celebrado como o Dia do Trabalhador em muitos países ao redor do mundo, é uma ocasião de reflexão sobre o papel do trabalho na sociedade contemporânea. Em nossa região, as festividades coincidem com a Agrishow, principal feira de tecnologia agrícola da América Latina, já em sua 29ª edição, que evidencia as inovações destinadas a revolucionar o campo e a gerar bilhões em negócios. É um momento oportuno para ponderar sobre o impacto das novas tecnologias no emprego e na sustentabilidade, e sobre a responsabilidade dos governantes em garantir empregos dignos para os trabalhadores atuais e futuras gerações.

Inicialmente, é crucial reconhecer que as máquinas e as tecnologias emergentes têm desempenhado um papel duplo no cenário laboral. Elas surgiram com o propósito de facilitar atividades, reduzir riscos e tornar o trabalho mais produtivo. Contudo, ao longo do tempo, uma das consequências notáveis tem sido a redução do número de trabalhadores necessários em determinadas indústrias e setores, inclusive no agronegócio. Esse fenômeno não se limita apenas à produção, mas abrange toda a cadeia produtiva, desde o plantio, colheita, industrialização até o transporte e a comercialização.

Enquanto em alguns países foram realizadas grandes festas, França, Chile, Argentina, Coreia do Sul, Taiwan, Alemanha, Quênia, Japão e Indonésia testemunharam protestos e confrontos entre trabalhadores e as forças de segurança. As demandas variaram, desde melhores salários e condições de trabalho até questões previdenciárias. A busca por soluções que garantam dignidade e segurança aos trabalhadores é uma preocupação global.

Nesse contexto, os governantes desempenham um papel fundamental. Eles têm a responsabilidade de criar políticas que promovam a geração de empregos dignos e a sustentabilidade econômica e ambiental. Uma abordagem eficaz envolve investimentos em educação e formação profissional para capacitar os trabalhadores a se adaptarem às novas demandas do mercado de trabalho. Além disso, é essencial estabelecer regulamentações que garantam salários justos, condições de trabalho seguras e proteção social abrangente para todos os trabalhadores.

Diante do avanço tecnológico acelerado, é imperativo que os governos implementem políticas que incentivem a inovação responsável e promovam a inclusão digital. Isso inclui investimentos em infraestrutura de tecnologia, programas de capacitação em habilidades digitais e incentivos fiscais para empresas que adotam práticas sustentáveis e responsáveis.

A transição para uma economia baseada em tecnologia não precisa resultar em desemprego em massa. Pelo contrário, se gerenciada adequadamente, pode abrir novas oportunidades de emprego em setores emergentes, como tecnologia da informação, energias renováveis e economia verde. No entanto, isso requer um compromisso coletivo de governos, empresas e sociedade civil para garantir que ninguém seja deixado para trás.

À medida que celebramos o Dia do Trabalhador neste período de rápidas transformações tecnológicas, é essencial lembrar que o trabalho digno é um direito humano fundamental. Os desafios trazidos pela automação e pela inteligência artificial não podem ser ignorados, mas também não devem ser vistos como obstáculos insuperáveis. Com uma abordagem colaborativa e orientada para o futuro, podemos construir uma sociedade onde o trabalho seja valorizado, sustentável e acessível para todos.

Portanto, enquanto exploramos as inovações apresentadas na Agrishow e nos maravilhamos com o progresso tecnológico, também devemos reafirmar nosso compromisso com a justiça social e a equidade. Somente assim poderemos garantir um futuro onde o trabalho seja uma fonte de dignidade, realização e prosperidade para todos.

* Servidor municipal, advogado, escritor e radialista 

 

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