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O concílio e o ecumenismo! Parte I

O Decreto sobre o Ecumenismo “Unitatis Redintegratio” (UR) foi oficialmente promulgado no dia 21 de novembro de 1964 pelo Papa São Paulo VI, que teve como resultado 2.137 votos a favor e 11 contra, por parte dos Padres Conciliares.

O Concílio Vaticano II foi o vigésimo primeiro concílio ecumê­nico. Os oito primeiros ocorreram no primeiro milênio e trataram principalmente sobre a cristologia e a pneumatologia. Os seguin­tes, que tiveram como protagonistas principalmente os bispos do Ocidente – costuma-se datar a separação declarada entre Constan­tinopla e Roma do ano 1054 – e que ocorreram na Idade Média, se pautaram muito mais por questões de disciplina eclesiástica.

Ao recebermos o “Itinerário Sinodal” para a Fase Arquidioce­sana da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos 2023 convocado pelo Papa Francisco, nosso Arcebispo Metropoli­tano, Dom Moacir Silva, escreveu: “O presente texto está em plena conformidade com o Documento Preparatório: ‘Para uma Igreja Sinodal: comunhão, participação e missão’ e o Vade-mécum para o Sínodo sobre a Sinodalidade; este Itinerário foi preparado pela nossa Comissão Especial para o Sínodo”.

Já a Comissão Especial para o Sínodo em sua apresentação e saudação inicial afirma: “A Igreja reconhece que a sinodalidade é parte integrante da sua verdadeira natureza. Ser Igreja sinodal exprime-se nos Concílios ecumênicos, nos Sínodos dos Bispos, nos Sínodos diocesanos e nos Conselhos diocesanos e paroquiais. Há muitas maneiras pelas quais já experimentamos formas de ‘sinoda­lidade’. No entanto, ser Igreja sinodal não se limita a estas institui­ções já existentes. De fato, a sinodalidade (que significa caminhar juntos) não é tanto um acontecimento ou um slogan, mas um estilo e uma forma de ser pela qual a Igreja vive a sua missão no mundo. A missão da Igreja exige que todo o Povo de Deus esteja num ca­minho em conjunto, com cada membro a desempenhar o seu papel crucial, unidos uns aos outros. Uma Igreja sinodal em comunhão para prosseguir uma missão comum por meio da participação de cada um dos seus membros” (Itinerário Sinodal da Comissão Espe­cial para o Sínodo p. 04 e 06).

O Sínodo é sem dúvida, uma revisita ao Concílio Ecumêni­co Vaticano II. O Documento Preparatório recorre aos pilares da Comunhão e Participação que conduziram a II Conferência Episcopal Latino-americana e Caribenha de Puebla em 1979, bem como ao pilar da Missão que norteou a V Conferência de Aparecida em 2007. Minha reflexão pretende retomar a questão do Ecumenismo na Igreja, de certa forma esquecida, excluída e rechaçada por razoável número de fiéis católicos, seja por ino­cente ignorância, seja por convicção de não aceitarem o diálogo inter-religioso, mesmo sabendo que Deus quer uma “Igreja Sinodal” e por conseguinte, uma Igreja madura e disposta ao diálogo também com o “diferente”!

Geralmente quando se fala sobre o Concílio Vaticano II omite-se o termo “Ecumênico”. Nunca me atrevi a emitir juízos ou críticas do por que da omissão. Apenas me intrigava o fato de principalmente nós, os católicos, omiti-lo. Passei então a ouvir fiéis de nossas Comunidades de Fé, como Agentes de Pasto­ral, pessoas comprometidas com o crescimento de nossa vida eclesial, e percebi que a maioria ignora tratar-se de um Concílio Ecumênico Vaticano II. Não me surpreendi, porque a história deste decreto é bastante complicada. O problema do ecumenis­mo foi sentido vivamente pelos Padres conciliares, cujas propos­tas se referiam ao ecumenismo em geral, aos meios de conseguir a união, aos problemas específicos dos ortodoxos, anglicanos e protestantes, à communicatio in sacris¹ etc.

(A segunda Parte do Artigo será publicada na próxima edição)

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