Os fãs do UFC sabem que a modalidade é um “vale-tudo com regras” e sempre sonharam com a realização de uma luta épica entre Anderson Silva e Jon Jones, que durante muito tempo polarizaram as opiniões de quem seria o melhor, porém estavam em categorias diferentes, depois um foi afastado por doping e outro porproblemas com a justiça. Quando voltaram o cenário era outro, o tão aguardado duelo perdeu a motivação, não aconteceu e continua a dúvida de quem seria o melhor.
Nas eleições de 2018 o confronto Lula x Bolsonaro não foi realizado. Com o antagonista impedido pela justiça, a vitória do atual presidente ficou mais fácil, mas passados dois anos de governo, a frustração e o arrependimento de milhões de seus eleitores são indisfarçáveis e surge a dúvida de quem ganharia a peleja. Apesar de tudo Bolsonaro era favorito para 2022, face à fragilidade das pré-candidaturas que se apresentavam, então surgiu a polêmica decisão do ministro Edson Fachin botando lenha na fogueira.
Em março de 2016 Lula se autodeclarou uma cobra e alertou que acertaram apenas o rabo da jararaca e ela estava viva. Sem as condenações da justiça de Curitiba o petista mostrou que realmente está vivo e voltou ao cenário com tudo. De quebra viu seu desafeto Sérgio Moro passando da condição de juiz a réu. O cancelamento dos processos e o extenso pronunciamento seguido de coletiva agitaram o país e prometem continuar mexendo com todas as peças do tabuleiro do cenário político nacional.
Lula não é amador e possui uma diferenciada capacidade de discursar e criar frases provocativas e de efeito. Direta ou indiretamente mirou e disparou contra vários rivais. Chegou a caçoar do ministro Marcos Pontes que, segundo ele, como astronauta, sobrevoou o planeta com um foguete russo e deveria explicar para Bolsonaro e seu guru Olavo de Carvalho que a terra é redonda. Além de chamar o personagem Zé Gotinha de suprapartidário, afirmou que em seu governo o trabalhador comia picanha e tomava cerveja. Angariou aplausos e suspiros saudosistas.
Já de olho em uma possível aliança, Rodrigo Maia nem esperou o discurso terminar e já tuitou: “não precisa ser petista fanático para reconhecer a diferença entre o ex-presidente e o atual”. Surpreendido pelo golpe, Dória foi rápido e disparou:“o Brasil é muito maior do que Lula e Bolsonaro”. Ele não está errado, mas certamente os dois serão os nomes mais comentados dos próximos meses.O neófito Luciano Huck está pensando que: “figurinha repetida não completa álbum”. Não sabe que as carimbadas repetidas são as mais valorizadas.
Bolsonaro parece ter sentido o golpe, passou usar máscara e defender a vacinação. Ele respondeu aos ataques de Lula: “não justifica essa crítica do ex-presidente Lula, que agora inicia uma campanha. Como não tem nada para mostrar de bom, essa é uma regra no PT, a campanha deles é baseada em criticar, mentir e desinformar”. Parecendo olhar para o espelho, o atual presidente atribuiu ao antecessor as mesmas marcas que caracterizam seu próprio governo: críticas, mentiras e desinformação, além de ter quase nada a mostrar. Para o torcedor isento parece farinha do mesmo saco.
Na Semana da Mulher, a supercampeã Amanda Nunes – maior ícone brasileiro do UFC na atualidade – emplacou sua 12ª vitória consecutiva. Na difícil busca pela terceira via, alguns partidos direcionam o foco para Luiza Trajano que seria uma interessante opção de renovação e fuga da sempre improdutiva polarização, mas ela nega veementemente: “não preciso disso.
Nunca quis ser mito”.Enquanto os caciques analisam os movimentos e traçam estratégias para o próximo combate eleitoral, o povo está mais preocupado em lutar contra as mortes, o desemprego, a inflação e o colapso da saúde. Desolados muitos já procuram outros ídolos, outras opções, outros sonhos. Parafraseando o narrador Rhoodes Lima: “calce suas luvas, coloque seu protetor bucal e vamos à luta.”