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O Chile e sua literatura (19): Francisco Coloane

Francisco Colone foi um escritor chileno que exerceu várias atividades desde a juventude: pastor de ovelhas, capataz, explorador de petróleo, escrivão de tribunal, marinheiro e ator de teatro. Adquirido o título de Edu­cador de Saúde, dirigiu o Boletim da Direcção de Saúde, o qual, mais tarde, lhe serviu de motivo para escrever suas histórias inesquecíveis. Trabalhando nos jornais El Mercurio, Crítica (na Direção do caderno Crónica), El Sol (na Direção do caderno Desporto), em La Nación, Las Ultimas Noticias (na crónica policial) e na revista Ziz Zag, Coloane também atuou no Ministério do Trabalho, na Secretaria de Extensão Cultural. Nomeado Filho Ilus­tre de Quemchi, em 1968, e Presidente da Sociedade de Escritores do Chile, em 1966, foi consagrado com o Prêmio Nacional de Literatura (1964) e designado Membro da Academia Chilena de Línguas, em 1980.

Viajando pela China, pela antiga União Soviética e pela a Índia, Coleane foi um escritor forte e humilde, cuja larga experiência nas terras do sul lhe deu um tema para expor sua obra. Uma tarefa que se baseia principalmente na narra­tiva simples e esforçada, onde reflete o mundo frio dos canais e da Antártida. Excelente contador de histórias, tem, segundo a crítica, um estilo simples e agradável. Narra com fluência, mostrando sem embelezamento a realidade dos elementos, onde a solidão e o desejo de sobreviver na paisagem selvagem, por vezes são até superiores a considerações éticas. Sua obra literária aponta para a predação humana tanto dos primeiros aborígines quanto da fauna das terras meridionais, predação que ele constata com cru realismo, sem lições de justiça, deixando uma impressão avassaladora no leitor.

Misturando seu estilo com as impressões que lhe foram desencadeadas por tais regiões geladas, açoitada incessantemente por ventos inclementes e suas pradarias orladas de mantos nevados, escreveu uma trilogia de contos que o tornou famoso: “Tierra del Fuego”, “Golfo de Penas” e “Cabo Horn”, além de vários romances, entre os quais se destaca sem dú­vida “O Último Grumete de la Baquedano”, transformado em filme. Despertadora de grande interesse, sua obra foi levada para a tela, participando não só com literatura, mas, também, com filmes de cunho científico. O livro que o tornou popular é, sem dúvida, “El ultimo grumete de la Baquedano”, mas os fiéis leitores de Coloane concordam em apreciar a sua obra de contos, especialmente a sua trilogia de contos. Cabo Horn representa sua obra transcendental. A aventura é o leitmotiv de sua criatividade (já foi chamado de o chileno Jack London). As paisagens do sul, a sua melhor pintura e a caracterização dos protagonistas, sombrias, cruas e reais, destacam-se pela sua transcendência. O fio de tensão está correto e a composição dos textos obriga a lê-los com interesse, lamentan­do que o espaço seja curto para desfrutar da leitura.

Seus livros: “El Ultimo Grumete de la Baquedano” (1941), “Cabo de Hornos” (1941), “Golfo de Penas” (1945), “Los Conquistadores de la Antartica” (1946), “Tierra del Fuego” (1956), “La Tierra de Fuego se apaga” (1956), “Viaje al Este” (1959), “El Camino de la Ballena” (1963), “El Témpano de Kanasaka” (1968), “Rastro del Guanaco Blanco” (1980) e “Crónica de India” (1983.).

Luis Sepúlveda, o célebre escritor chileno que faz sucesso no exterior, atualizou os conhecimentos sobre Francisco Coloane na Europa, fazendo-o ter uma fonte de elogios. Um trecho? “Hay veces en que despierto al borde de un abismo donde termina el mar de mi infancia; pero siempre encuentro a alguien a mi lado. O una música lejana que viene de mis islas, traída por el tamborileo de la lluvia sobre los techos del viento. Bajo esas aguas del tiempo y en el fondo de mí mismo, no veo otra cosa que un hombre, una mujer y un niño, jugando con un bote a orillas de nuestro mar interior de chilote, al cual le han puesto un mástil y un timón, esperando un soplo en la vela, para hacerse a la mar entre las islas.” Traduzin­do, “Há momentos em que acordo à beira de um abismo onde termina o mar da minha infância; Mas sempre encontro alguém ao meu lado. Ou uma música distante que vem das minhas ilhas, trazida pelo tamborilar da chuva nos telhados do vento. Sob essas águas do tempo e no fundo de mim mesmo, não vejo nada além de um homem, uma mulher e uma criança brincando com um barco nas margens do nosso mar interior de Chilote, ao qual colocaram um mastro e um leme. , esperando por um golpe na vela, para colocar no mar entre as ilhas”.

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