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O Chile e sua literatura (18): Alberto Blest Gana

De acordo com a crítica especializada, Alberto Blest Gana é conhecido como o “pai do romance chileno”, não só pelo caráter prolífico e variado de sua produção ancorada no realismo, mas também porque “a história da suas obras é a história do esforço do gênio nacional para se incorporar ao grande movimento moderno, inaugurado por Balzac, que designa a representação da vida cotidiana como objeto do romance”. Com dois irmãos já escritores, Guillermo (1929-1905) e Joaquín Blest Gana (1931-1880). Alberto iniciou os seus estudos no Instituto Nacional e continuou a sua formação na Escola Militar, entre 1843 e 1847, experiência que marcou o início do serviço militar. Em 1847, partiu para a França para continuar seus estudos militares, onde permaneceu até 1851, quando retornou ao Chile. Instalado no país, trabalhou na Escola Militar dando aulas de Geografia e Topografia Elementares. Em 1855, Blest Gana pôs fim à carreira mi­litar: “Chegou o momento em que, movido por uma vocação irresistível, teve de ini­ciar-se ativamente na profissão literária. Iniciando a escritura de poemas, quase todos descartados pelo próprio autor, com exceção de “Ao coração”, que foi publicado em 1853 no El Museo, seu primeiro romance, “Uma cena social”, apareceu nesta mesma revista. Após esta publicação, Blest Gana continuou a publicar romances serializados em diferentes meios até o final da década de 1850: “Engaños y desenganos” (1855) e “Los desposados” (1855) na Revista de Santiago (1848-1855); “El primer amor” (1858) e “La Fascinación” (1858) na Revista del Pacífico (1858-1861); “Juan de Aria” (1858) em El Aguinaldo, publicação vincula­da a El Ferrocarril (1855-1910); e “Um drama no campo” (1859) em “La Semana” (1859-1860).

Alguns setores da crítica têm considerado os textos que Blest Gana publicou na década de 1850 como “ensaios”, nos quais o autor explorou técnicas nar­rativas. Nesse sentido, La aritmética en el amor (1860) -vencedora de um concurso literário organizado pela Faculdade de Filosofia e Humanidades da Universidade do Chile- foi considerada um ponto de consolidação de um primeiro período da escrita do autor, seguida por “El pago de las deudas” (1861), que apareceu como um livro. No entanto, no ano seguinte, o autor continuou com a publicação de folhetins: La Voz de Chile (1862-1864) com destaque para La Venganza (1862), Mariluán (1862), Martín Rivas (1862) e El ideal de un calavera (1863). Em 1864, publicou “La Flor de la Higuera” em El Independiente (1864-1890). Desse conjunto de obras, “Martín Rivas” é o romance que teve maior recepção crítica de toda a produção do autor e, também, o que teve mais edições.

Ainda segundo especialistas, após estas publicações, houve um longo período de silêncio, que coincidiu com as obrigações diplomáticas que Alberto Blest Gana exer­ceu, consecutivamente, nos Estados Unidos, Inglaterra e França, onde viveu o resto da vida. Sobre seu trabalho nos Estados Unidos, Blest Gana publicou o diário de viagem De Nueva York al Niágara (1867). Em 1897, Blest Gana publicou “Durante la Recon­quista”, um romance histórico que marcou o início do que foi visto como um terceiro período em sua carreira novelística. Posteriormente, apareceu “Los Trasplantados” (1904), que até agora era considerado o último romance que o escritor iria publicar, devido à sua idade avançada. Porém, em 1909 veio à luz “El loco Estero” e, em 1912, “Gladys Fairfield”, que foram seus últimos livros. Blest Gana morreu na França em 1920, aos 89 anos.

Segundo estudiosos, embora um segmento de críticos tenha visto etapas mais ou menos diferentes na obra de Blest Gana, outro grupo levantou a existência de um plano novelístico mais extenso. Assim, por exemplo, notou-se uma progressão gradual que vai de “um modelo quase puro de romance romântico sentimental -talvez um exemplo disso seja “El ideal de un calavera” (1863)- a um tipo de romance que combina -com uma marca muito pessoal – a intriga amorosa, no contexto histórico e na atitude de um realista social, que começa com “Martín Rivas” (1862), afirma-se em “Durante la Recon­quista” e continua até ao fim da sua produção.

De outro ponto de vista, a partir da análise de seu “Discurso de incorporación a la Facultad de Filosofía y Humanidades” (1861), propôs-se que “não há etapas e ciclos na produção romanesca do autor”. Nesse discurso, Blest Gana “aborda em profundi­dade a situação do romance no Chile (América) naquela época -por volta de 1860- e manifesta claramente suas preferências”, por exemplo, em relação ao romance de costumes. Nesse sentido, para Guillermo Araya, “é impressionante ver que os críticos escreveram centenas e até milhares de páginas sem indicar claramente que a práxis romanesca de Blest Gana corresponde plenamente à sua doutrina literária”

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