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O “casamento” eterno

Em época de crise econômica e com o agravamento da crise do emprego – que se mantém há tantos anos, as estratégias de sobrevivência se ampliam.

Muitos se utilizam de velhas práticas, condenáveis ou não, apesar das enormes transformações havidas nas atividades nego­ciais, empresariais especialmente.

As dificuldades financeiras da população brasileira são evi­dentes; alguns seguimentos da sociedade sofrem mais, cada qual de alguma maneira procura sobreviver, como sempre foi.

Como o funcionalismo público que não consegue ter ganho que repasse os níveis da inflação medida e que, portanto, vê e sente a corrosão de seus recursos. Nas três áreas (municipal, estadual e federal) não obtém os reajustes no quanto precisa. Por estratégia de sobrevivência, apela aos empréstimos junto aos bancos, geralmente.

Não há dúvida que as instituições bancárias oferecem (e, ao mesmo tempo, dificultam) os empréstimos, com enriquecidos procedimentos de seleção (escolha do favorecido), sempre se in­dagando: será que o pretendente conseguirá pagar? Afinal, quem empresta se preocupa em obter o resgate do dinheiro empresta­do (seu capital) e conseguir aumentá-lo (pelo lucro, com as taxas que cobra).

Nada disso faz novidade pra ninguém, muito menos a quem busca o empréstimo com objetivos dos mais diversos (saúde, obras, viagens e outros momentâneos pessoais ou da família, para pagar dívidas novas ou de outros empréstimos – comprar um “carro do ano” está menos frequente). Sonhar é necessário, sempre alimen­ta um justo motivo para usar o dinheiro, mesmo que lhe custe juros altos, taxas operacionais, dificuldades futuras, etc.

Os que vivem com baixos salários e, principalmente, os que se limitam a não fazer gastos inconvenientes (embora prazero­sos, do tamanho do seu sonho) também são atingidos e sofrem em crises prolongadas. Cada um se vira como pode.

Os funcionários públicos (que se viram nos trinta…) acabam procurando um agiota (são clientes preferenciais do agiota) – e este é aquele que empresta dinheiro clandestinamente, cobran­do juros altos, extorsivos, abusivos. Aí o empréstimo sai caro, o agiota explora e quem o procura não consegue liquidar o empréstimo. Fica endividado, se afunda financeiramente. Evite o ágio, não se entregue aos empréstimos.

Aqui em Ribeirão, um funcionário público estadual emprestou certo valor junto a um agiota. Pagou e ficou de lhe ser devolvido o título (promissória) que fora assinada como garantia da dívida.

Se esqueceram da promissória. Como amigos, chopinho hoje, outro amanhã, a vida caminhou, para sempre!

Um dia o funcionário recebeu intimação do Cartório de Protesto porque a promissória estava lá, para ser protestada (falta de pagar).

O funcionário se lembrou. Tinha certeza que a dívida estava paga e sem recibo (agiota não passa recibo).

Foi à Justiça, disse ser antiga a promissória, com valor não atual, da época de outra moeda brasileira, se escrevia milhões, com três zeros já cortados. Acusou o agiota de lançar data na promissória, espaço que estava em branco. O Juiz mandou reali­zar uma perícia na promissória para saber quando foi assinada. Se o seu valor é mesmo de 1 milhão ou de 1 mil.

O perito não conseguiu saber a data da tinta.

Mas pelos documentos da sua repartição pública apurou-se que a sua assinatura mudou, somos assim. A da promissória coincide com a antiga, quando o nosso dinheiro se escrevia com mais zeros.

A promissória é velha, com preenchimento novo. Sem valor jurídico. Anulada, sem protesto, só maldade.

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