Rui Flávio Chúfalo Guião *
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Muito se discute até hoje sobre a chegada do homem às Américas. É certo que, há milhões de anos, havia uma ponte de gelo ligando a Ásia ao continente americano, na região do atual Estreito de Bering e uma das teorias diz que por ali os humanos começaram a afluir para as Américas. Outra, diz que os humanos vieram em precárias canoas e iniciaram o povoamento da costa oeste americana, em latitudes mais baixas.
Seja como for, há indício da presença de humanos no Canadá há 26.500 anos, os pioneiros das várias tribos indígenas, de várias etnias e origens. No ano 1000, o viking LeifEricson, vindo da Groenlândia, deu os primeiros passos europeus nas Américas, quinhentos anos antes de Colombo. Estabeleceu um assentamento, cujos restos arqueológicos atestam esta presença.
Em 1498, o veneziano Giovani Caboto (John Cabot, como é conhecido hoje ), a serviço da Inglaterra, chega à Terra Nova e ali estabelece uma assentamento.
D. Manuel, rei de Portugal, baseando-se no Tratado de Tordesilhas, determina a ida de navegadores portugueses para se apossar da costa leste do Canadá, o que é feito por José Fernandes Lavrador, que daria seu nome ao atual Labrador. Demonstrando sua autoridade sobre a área, o rei português cria um imposto sobre a pesca do bacalhau. Porém, a presença portuguesa é efêmera e perde-se no tempo.
O primeiro assentamento permanente seria feito por Francis Samuel de Champlain em 1603, na região do rio São Lourenço, dando início à Nova França.
Depois de tentativa fracassada de tomar Quebec, fundada por Champlain, os ingleses se estabeleceram na região dos Grandes Lagos. Estavam determinados os limites para a futura nação, em suas partes francesa e inglesa.
Houve várias escaramuças entre as duas partes, mas foi a Guerra dos Sete Anos, ocorrida na Europa, entre França e Inglaterra, em 1763, que terminou com a cessão da porção francesa do Canadá aos ingleses, que, assim, tornaram-se senhores do país. O Canadá passou a ser uma colônia britânica, mas, o Quebec Act de 1774 reconheceu o direito de os habitantes da porção francesa terem liberdade de adotar a religião católica e o Código Civil francês.
Em 1869, as províncias se uniram no que seria chamado de Domínio do Canadá, com liberdade legislativa e executiva, mas, ainda submetido à Inglaterra. A independência total viria somente em 1931.
Hoje, o Canadá é um país livre e independente, com governo parlamentar, porém participante da Commonwealth. O Rei da Inglaterra é o soberano, mas seus poderes são cerimoniais. O Parlamento dirige o país, seus membros são eleitos através de eleições gerais e livres. O poder Executivo é exercido pelo Primeiro Ministro, escolhido pelo Parlamento.
Segundo maior país em território ( perde somente para a Rússia ), tem grande parte de sua área coberta de gelo. Sua população de 40 milhões de habitantes é menor do que a do estado de São Paulo. É um dos únicos países banhados por três oceanos: Pacífico, Atlântico e Ártico. É a décima economia mundial, logo abaixo do Brasil, a qual, dividida pela escassa população apresenta uma renda per capita de US$ 55.000 (a do Brasil é de US$ 9.000).
Uma das características do país é sua abertura aos povos estrangeiros, muito bem acolhidos por uma sociedade próspera, industrial e de serviços. O Canadá tem o desenvolvimento dos Estados Unidos, seu vizinho e a sofisticação europeia.
Visitar o Canadá é reviver como foi formado o passado americano, hoje visível em cidades modernas e acolhedoras e verificar no que se tornou “a pequena aldeia”, que é o significado do seu nome, na língua indígena.
* Advogado e empresário, é presidente do Conselho da Santa Emília Automóveis e Motos e Secretário-Geral da Academia Ribeirãopretana de Letras