Por Hugo Luque
No pior momento possível, o Botafogo voltou a tropeçar e está de volta à zona de rebaixamento da Série B do Campeonato Brasileiro. Antes favorável, a matemática agora joga contra o Pantera, que tem mais probabilidade de cair para a Série C do que de se manter na segunda divisão nacional.
Segundo dados do Departamento de Matemática da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que a cada rodada atualiza suas estatísticas e seus cálculos, o Tricolor tem, hoje, 54,3% de chances de ser rebaixado. A cinco rodadas do final, o cenário está cada vez mais difícil de ser revertido, sobretudo pela falta de reação dentro de campo.
Na última partida, quarta-feira, mais uma derrota, desta vez para o Ituano, afundado na zona de rebaixamento, em casa, por 1 a 0. Foi o terceiro revés nos últimos cinco jogos, todo o período sob comando de Márcio Zanardi. Até aqui, oportunidades de escapar do Z-4 não faltaram – antes do resultado negativo, a probabilidade de queda era de 32,8%.
“O Botafogo ficou na zona de rebaixamento desde o Campeonato Paulista, na Série B toda. É um fato complicado, que a gente vem tentando melhorar e corrigir. Cobrei bastante deles essa questão, mas a gente só pode mudar isso trabalhando. Nós chegamos segunda-feira, concentramos, estamos [juntos] direto, os jogadores estão se doando e se dedicando, mas a gente precisa de algo a mais”, disse Zanardi.
“Cobrei muito nossos primeiros tempos, que estão sendo péssimos. Nossos primeiros dez minutos [contra o Ituano] foram horrorosos, mas eu cobrei, discuti e a gente entrou no jogo, conseguiu ter volume e colocar a bola no chão. Essa parte mental, de confiança, você percebe que o jogador tem medo de errar. Esse é o pior momento”, acrescentou.
O meia-atacante Douglas Baggio, capitão e um dos líderes do elenco, concorda. Não é fácil para um atleta enfrentar um momento de pressão como esse, mas é nessas horas que a união de um grupo é colocada à prova.
“Eu já passei por situações de brigar para não cair. É uma situação difícil, delicada, mas hoje estou mais maduro para passar por situações desse tipo. Neste momento, é resiliência, muito trabalho, falar menos e tentar reverter essa situação. O esporte que eu jogo é coletivo, então preciso dos meus companheiros bem fisicamente e mentalmente. Nosso elenco é muito experiente e, com certeza, vai passar essa fase ruim”, assegurou o jogador.
Olho nos rivais
Como ainda reforça Baggio, o cada vez mais complicado xadrez botafoguense, agora, também envolve outras peças, como as três equipes que vêm abaixo e os times acima na classificação.
“A gente vem acompanhando jogo a jogo, porque é muito importante. Esses times, como Chapecoense e Paysandu, não podem pontuar, e a gente tem de fazer nosso dever”, destacou.
Ainda segundo a UFMG, as chances de queda do Botafogo são inferiores apenas às de Ituano (67,5%), Brusque (76,7%) e Guarani (89,4%), que compõem a zona da degola. Em situação melhor, estão o 16º colocado CRB (49,9%), à frente pelo número de vitórias, a 15ª Chapecoense (32,7%), a 14ª Ponte Preta (25%) e o 13º Paysandu (4,6%).
Para fugir dessa situação, a receita é simples: vencer jogos. O problema é que, em 33 jogos, foram apenas oito vitórias. Considerando a média dos últimos cinco anos, a conta botafoguense tem 43 pontos como meta – embora, no ano passado, a Chape, que foi a 16º colocada, tenha escapado com 40.
Isso significa que, dos últimos cinco desafios, o Tricolor terá de vencer pelo menos dois e empatar um. Três triunfos praticamente garantem o clube do Estádio Santa Cruz na Série B em 2025.
“Nós vamos jogo a jogo. Gosto de um modelo de jogo de ter a bola e jogar bonito, mas, hoje, estamos focados em vencer, precisamos vencer e só vencendo traremos a confiança, porque ela se conquista com o resultado. É ter tranquilidade, ter calma. Sou muito convicto do que me fez chegar aqui e acredito no campo, no treino, no trabalho e no dia a dia, passando muito a verdade para os jogadores. Vim aqui deixar o Botafogo na Série B e fazer parte do planejamento para 2025” comentou Zanardi.
Na reta final, os adversários do Botafogo serão Amazonas (fora), Brusque (fora), Ceará (em casa), Avaí (em casa) e Coritiba (fora). Se repetir os resultados do primeiro turno contra essas equipes – uma vitória, dois empates e duas derrotas –, o time paulista chegará aos 41 pontos e correrá sérios riscos de cair. Para evitar um drama com final dantesco no próximo mês, quando acaba a competição, o técnico espera que seu plantel chegue ao limite.
“A gente está trabalhando com eles (jogadores). É hora de se cobrar bastante, de cobrar atitude. A gente precisa ter atitude. Precisamos de calma e tranquilidade, mas eles precisam trabalhar mais e correr mais do que os adversários para que a gente possa tentar sair dessa situação. Não tenho dúvidas que vamos sair. São cinco jogos dificílimos.”
Os principais adversários do Pantera terão verdadeiras “pedreiras” nas rodadas derradeiras e a expectativa é que deixem pontos pelo caminho. Santos, que briga pelo título, e Operário-PR, que luta pelo acesso, estão na agenda do CRB. A Chapecoense tem pela frente Novorizontino, Sport e Mirassol, além do Brusque, que quer evitar a Série C a todo custo.
Já a Ponte Preta pega três postulantes à Série A do ano que vem: Mirassol, Vila Nova e Sport (este ainda batalha ponto a ponto pelo título). Abaixo do Bota, o Ituano ainda vai encarar Santos, Vila Nova e América-MG, que corre por fora por um posto no G-4.
“Precisa ter calma e ser resiliente, pedi para que todos eles se cobrassem mais, prestassem atenção no quanto é importante para o Botafogo e para eles ficar na Série B. Só o trabalho vai nos tirar dessa situação”, completou o comandante.
Fato é que o Botafogo terá de trabalhar muito e viajar uma longa distância para o próximo desafio, que é contra o Amazonas, nesta terça-feira, às 21h30, em Manaus (AM).