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O Brasil precisa de um novo contrato social! IV

E com os tanques na ruas das principais capitais, o golpe aristocrá­tico-militar se apoderou do Brasil. Fechar o Congresso Nacional, cas­sar todos os governadores e prefeitos das capitais, cassar os políticos de oposição nos três níveis de poder, sindicalistas e jornalistas foram presos, e com isso a temporada de caça aos comunistas foi aberta, e em nome de Deus as maiores atrocidades foram cometidas para o bem do Brasil. Mas chamar o golpe de golpe era proibido, pois na visão dos golpistas, a palavra golpe não caía bem no ceio da popula­ção, e para suavizar essa palavra e engabelar os incaltos proibiram que os meios de comunicação falassem ou publicassem que o Brasil havia sofrido um golpe, soava melhor aos ouvidos a palavra revolução, que significava a liberdade de um povo.

E como acontece nas melhores ditaduras, a censura prévia aos meios de comunicação, o tolhimento de qualquer liberdade artística que colocasse para a população os ideais de liberdade e democra­cia, impuseram o velho e costumeiro ódio dos chamados “cristãos conservadores”. E neste cabedal de iniquidade a deportação, a prisão ilegal, a tortura desumana nos porões das delegacias, no DOPS (De­partamento de Ordem Política e Social), órgão que foi criado em 1924 para perseguir as religiões de matriz africana, e combater a chamada vadiagem, que até a Constituição de 1988 era crime, e na ditadura foi aperfeiçoado para se transformar em centros de tortura e de mortes.

E para ampliar o trabalho de perseguição e tortura realizado pelo DOPS, o governo militar criou o DOI-CODI, Departamento de Operações Internas (DOI) e os Centros de Operações e Defesa Interna (CODI), e estes departamentos cuidavam com carinho para que os opositores do regime fossem silenciados, perseguidos, presos, deportados, torturados e mortos, e esse cenário fez parte do cotidiano nacional por mais de vinte anos, a eficiência da censura nos meios de comunicação, não permitia que as notícias que depreciassem o regime fossem publicadas, mas somente as notícias que engrandeciam o regime e que segundo eles levava o País para frente.

Há duas maneiras de fazer da grande mídia uma aliada: a coerção e a corrupção. Como a corrupção é o modus operandi de todas as di­taduras, usaram esta ferramenta eficiente para corromper os meios de comunicação, e assim todos sairiam ganhando, pois em muitos casos é mais eficiente comprar a colaboração, do que usar a força, e assim essa gente de “bem” dilapidou o País.

A propaganda maciça nos meios de comunicação das supos­tas maravilhas realizadas pelo governo de plantão, anestesiou a população, principalmente a maioria da classe trabalhadora, que acreditava no salvador da pátria. O alinhamento da grande im­prensa com o regime ficou explícito dois meses após o golpe, com a campanha: “Ouro para o bem do Brasil” iniciativa dos Diários Associados, o maior grupo jornalístico da época, e o cerne da Campanha era o pagamento da dívida externa brasileira, que se­gundo os especialistas impedia o crescimento econômico do País, e como a maioria da população acreditava na honestidade e lisura dos militares, a campanha foi um sucesso.

A população humilde e crédula fazia filas quilométricas nos locais de arrecadação para doar, seus anéis e alianças de ouro, de valor sentimental incalculável, mas tudo em nome do amor à pátria, e imaginar que depois de 58 anos, um punhado de vaga­bundos se intitularem “patriotas”.

O golpe se apropriou das instituições brasileiras prometendo acabar com a corrupção sistêmica, no entanto a honestidade e a lisura não faziam parte da índole destes golpistas que tomaram o poder. Foram arrecadados cerca de 30 milhões de dólares, dinheiro com suor e sangue da classe trabalhadora, no entanto o dinheiro evaporou, e a dívida externa continuou crescendo, foi o maior estelionato que os militares e seus parceiros civis aplicaram ao povo brasileiro… Continua…

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