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O Brasil precisa de um novo contrato social! II

O poder crescente na política brasileira dos pastores neopen­tecostais, se coagunou ao militarismo, movimento que começou a criar força ao final da guerra do Paraguai, quando começaram a forçar a barra para que as Forças Armadas fossem reconhecidas pelo Imperador como parte do Poder Moderador, que era exclusividade do Monarca. E como não vislumbraram a curto prazo o atendimen­to das suas demandas ficaram aguardando uma oportunidade.

A aristocracia rural brasileira composta em sua maioria por grandes produtores de café, que amelheavam suas fortunas exploran­do a mão de obra dos negros escravizados, também não estava contente com os movimentos cada vez mais expressivos dos que combatiam a escravidão negra, pois achavam que o Imperador mais cedo ou mais tarde iria se render a este movimento, e isso levou a aristocracia rural ao encontro dos militares, que lutavam por mais espaço no Império, e desta junção aparentemente heterogênea surgiu a República.

Instaurar a República no Brasil pela via do voto estava difícil, pois na última eleição parlamentar os republicanos elegeram apenas dois deputados, tinham que buscar outras estratégias. A estratégia usada para ver prosperar as ideias republicanas foi se aproximar da crescente classe armada, que lutava por mais espaços no governo do Imperial, mas não seria fácil convencer os militares a dar um golpe contra o império.

Plantar a discórdia através de notícias falsas, já acontecia naquela época, pois essa sempre foi a expertise destes homens de “bem”. E na manhã do dia 15 de novembro de 1889, o Marechal Deodoro com algumas tropas, e sob o olhar curioso de populares que não tinham a menor ideia do que estava acontecendo, a República foi Proclamada, e assim se instituiu o primeiro golpe aristocrático-militar no Brasil.

Com o golpe, o poder moderador que era exclusividade do Imperador, mesmo não estando escrito na Carta Magna, os milita­res interpretaram que este poder lhes pertencia por herança, e que poderiam interferir na República sempre que achassem que havia alguma desarmonia entre os poderes, e que seus interesses estives­sem sendo limitados, e de lá pra cá sempre se imiscuiram no poder.

E neste contexto o golpe de Estado, e a ameaça de golpe passou a ser a regra da República tupiniquim. Em 1930 após suposta fraude na eleição presidencial, os militares deram um golpe e tomaram o poder, colocando na presidência Getúlio Vargas, um civil que teve uma curta carreira militar, que em 1937 deu um golpe apoiado pelos militares, e instituindo a ditadura do Estado Novo, que durou 15 anos, em 1945 foi destituído por um golpe militar. Em 1956, os militares não queriam dei­xar o Presidente Juscelino Kubitschek tomar posse, aí houve um contra golpe, e o general Teixeira Lott garantiu a posse do presidente eleito, e assim de golpe em golpe a República foi sendo maculada.

Em 1961, após a renúncia do Presidente Jânio Quadros, os mili­tares não queriam permitir que o Vice-presidente João Goulart tomas­se posse, alegando que ele era ligado aos sindicatos e esquerdista. Para resolver o conflito com os militares, o Congresso votou uma Emenda constitucional, criando o regime parlamentarista, que iria durar até 1965, quando haveria um plebiscito para definir o regime de governo, mas este plebiscito foi antecipado para 1963, e o presidencialismo ganhou, e o Presidente retomou seus poderes constitucionais.

E isso desagradou imensamente os militares amantes de golpes. A formação estadunidense dos militares brasileiros das Forças Ar­madas, fez da luta contra o comunismo e as esquerdas uma bandeira de morte, e qualquer política que propiciasse o bem estar da popula­ção pobre era vista como um ato comunista, e tinha que ser combatido. As Reformas de Base propostas pelo governo de João Goulart, eram reformas dentro do sistema capitalista, mas foram combatidas pela aristocracia rural e urbana, que acionou a velha aliança com as Forças Armadas, e o golpe de 1964 foi deflagrado… Continua…

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