3. Significado do aquecimento global. Também é motivo de polêmica. O argumento de que mesmo antes dos gases emitidos pelo Homem e do efeito estufa o clima da Terra já estava mudando tiraria ou reduziria nossa responsabilidade. No entanto, não existem dúvidas quanto ao aumento da produção de CO2, principalmente pelo uso dos combustíveis fósseis e pelas queimadas, e estes dados reforçam a importância do efeito estufa.
4. Quais as consequências do aquecimento global? O aquecimento, acompanhado das alterações na composição atmosférica dele decorrente afeta globalmente os mares levando à elevação de seu nível, mudanças nas correntes marinhas e alterações na composição química das águas por dessalinização, acidificação e desoxigenação. Há previsão, por isso, de relevantes alterações nos ecossistemas marinhos com impacto para os seres vivos, incluindo a espécie humana.
O aquecimento global afeta também o regime de chuvas, determinando enchentes e secas, tendendo, além disso, a aumentar a frequência de eventos meteorológicos extremos como ciclones tropicais, surtos de calor e de frio. É possível que isso leve à extinção de espécies, desestruture ecossistemas e, como consequência, determine graves problemas na produção de alimentos, suprimentos de água e de transporte, que dependem da estabilidade do clima e da biodiversidade.
O aquecimento tem intensidade e ações diferentes nas diferentes regiões, não sendo fácil determinar porque isso acontece, porém nenhuma região do mundo é poupada de algum grau de mudança, sendo as maiores encontradas nas regiões mais pobres e com menores recursos para adaptação. A região ártica é a que aquece mais rapidamente levando ao progressivo derretimento de geleiras. Geleiras de montanha, em todo o planeta, estão também em recuo acelerado, modificando seus respectivos ecossistemas e reduzindo a disponibilidade de água potável.
Mesmo que as emissões de gases estufa cessem imediatamente, a temperatura continuará a subir por mais algumas décadas, pois o efeito dos gases demora até se manifestar totalmente em escala global. É evidente que a mitigação (mudança para um modelo econômico de baixa emissão) não acontecerá de imediato, por isso haverá necessidade de adaptação às consequências do aquecimento. Uma vez que as consequências serão tão mais graves quanto maiores as emissões de gases estufa, é importante que se inicie a diminuição destas emissões o mais rápido possível, a fim de minimizar os impactos sobre esta e as futuras gerações.
A Organização das Nações Unidas (OMS) publica um relatório periódico sintetizando os estudos sobre o aquecimento global em todo o mundo, por meio do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). Estes estudos têm, por motivos práticos, um alcance de tempo até o ano de 2100. Todavia, já se sabe também que o aquecimento e suas consequências deverão continuar por séculos adiante, e algumas consequências, graves, serão irreversíveis dentro dos horizontes da atual civilização.
Os governos do mundo em geral trabalham hoje para evitar uma elevação da temperatura média acima de 2 °C, considerada o máximo tolerável antes de se produzirem efeitos globais em escala catastrófica. Num cenário de elevação de 3,5 °C a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) prevê a extinção provável de até 70% de todas as espécies hoje existentes.
Se a elevação chegar ao extremo de 6,4 °C, o que não está descartado, e de fato a cada dia parece se tornar mais plausível, pode-se prever sem dúvidas mudanças ambientais em todo o planeta em escala tal que irão comprometer irremediavelmente a maior parte de toda a vida na Terra e desintegrarão os governos nacionais devido a causas múltiplas combinadas, como a fome, epidemias e o esgotamento em larga escala dos recursos naturais, levando a civilização como hoje a conhecemos ao colapso.
Se considerarmos o futuro para além do limite de 2100, admitindo a queima de todas as reservas conhecidas de combustíveis fósseis, projeta-se aquecimento dos continentes de até 20 °C, “eliminando a produção de grãos em quase todas as regiões agrícolas do mundo”, e criando um planeta “praticamente inabitável”. Tal perspectiva é hoje plausível, uma vez que não há qualquer ímpeto popular ou político no sentido de se deixarem intocadas as reservas ainda inexploradas.
Pelo contrário, as pesquisas para utilizar hidrocarbonetos antes inviáveis, como as areias betuminosas do Canadá e as jazidas de petróleo do Ártico propiciam a criação de novas fontes de gases estufa.