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O Amigo Secreto

Perde-se no tempo a origem do Amigo Secreto, gostosa brincadeira de Natal. Dizem alguns que ela se originou na Grécia antiga, quando os cidadãos atenienses se presente­avam em várias ocasiões e, para dar um tom festivo ao ato, sorteavam os destinatários, sendo que cabia ao ofertante descrever-se para ser identificado.

Outros entendem que o Amigo Secreto foi a solução mais contemporânea para se participar de festas com gran­de número de pessoas, onde presentear a todos seria muito caro. A verdade é que o momento do Amigo Secreto ocu­pa importante lugar nas festas natalinas. Alguns, menos versados nas letras, escrevem mensagens rápidas. Outros elaboram verdadeiros textos que permanecem na lembrança dos participantes. Há mesmo versos que revelam as inclina­ções poéticas dos autores.

Um dos bons momentos da brincadeira é torcer para que, dentre determinados amigos, um seja por nós sorteado, aumentando assim a satisfação nossa e a oportunidade de escolher um presente que reflita nossa amizade.

Também, o momento de descobrirmos quem nos está ofertando, leva-nos a prestar bastante atenção ao texto, mesmo porque não gostamos de demonstrar nossa eventual dificuldade em adivinhar quem nos está presenteando.

Nos preparativos deste Natal, peguei-me pensando em quem gostaria de escolher se, nos papeizinhos colocados no saco, houvesse minhas professoras e professores, pessoas queridas que me formaram e me marcaram.

D. Aparecida Marzola, que me alfabetizou nas aulas do Grupo Escolar Guimarães Jr. e me abriu o mundo das letras e dos números. Era meiga, mas exigente. Já no Otoniel Mota, D. Lucy Musa Julião, Professora de Português, ensinou-me a seguir as normas de nossa língua, permitindo que, até hoje, eu escreva de maneira correta. Era elegante, excelente jogadora de tênis, extremamente clara nos ensinamentos da gramática.

D. Florianete de Oliveira Guimarães, abriu-me as por­tas da literatura e do sonho literário, despertando em mim o gosto pela leitura e pela escrita. Até hoje, guardo as suas aulas, cheias de poesia, contos, crônicas e textos. O Professor Lourenço Torres da Silva, que ensinava Latim, impressionava a todos pelos seus conhecimentos da língua e pela vontade de formar jovens líderes. Criou o Parlamento Estudantil, que se reunia todos os domingos para que os alunos debatessem assuntos do momento, ensejando a formação de uma leva de grandes tribunos: Sérgio Roxo da Fonseca, Feres Sabino, Rubens Ely de Oliveiras, Luís Sérgio da Silva Arouca, João Orlando Duarte da Cunha.

Já na faculdade, em meio a vários juristas de renome na­cional, despontava o nome do Prof. Gofredo da Silva Telles Jr. Como lecionava Introdução à Ciência do Direito, matéria do pri­meiro ano, pegou-nos cheios de expectativas, recém admitidos na tradicional escola do Largo de São Francisco e ávidos para conhecer as bases da ciência que elegemos como profissão.

Dotado de uma rara inteligência, que lhe permitia vasculhar as origens do Direito e explicá-lo de maneira clara e sedutora, o Prof. Gofredo marcou a todos nós. Foi ele que nos ensinou primeiro que o Direito baseava-se num tripé: honeste vivere, alterum non laedere, suum quique tribuere (viver honestamen­te, não prejudicar o próximo e dar a cada um o que é seu). Ao final do curso, por unanimidade, foi escolhido paraninfo de nossa turma, quando nos brindou com soberba oração.

Qualquer que fosse o sorteado, traria belas recordações e a satis­fação de agradecer, mais uma vez, o enorme bem que me fez.

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