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O algoritmo nos ameaça?

O mundo nos surpreende a cada instante. Quem diria que a inteligência artificial viesse a ocupar espaço tão considerável e crescente, a ponto de superar a ficção científica?

Não está longe a experiência de androides examinarem humanos e elaborarem diagnósticos mais confiáveis do que aqueles produzidos pelos médicos. O tratamento correto pode também ser decidido por um algoritmo na nuvem.

Consulta menos dispendiosa, rápida e confiável se baseia em tecnologia já comprovada. A inteligência artificial baseada em “deep learning”, um aprendizado por conta própria.

Mediante o uso de exames de imagem como raios -X e outros que mapeiam a retina, cientistas americanos, chineses e alemães provaram que a máquina pode superar o homem quando o tema é saber quem é doente e quem não é.

Tudo tem explicação científica. Um algoritmo foi treinado com um gigantesco banco de mais de 200 mil imagens de tomografia de coerência ótica, um exame propiciador da observação das camadas da retina, para identificar alterações geradas por doenças graves. Uma delas, muito comum, é a degeneração macular, proveniente do avanço na idade.

Por conta própria, o programa aprendeu a ler aspectos das imagens que julgou importantes para chegar ao diagnóstico. Esteve ausente o raciocínio humano e o algoritmo pode chegar sozinho ao veredicto.

O resultado: os especialistas em retina foram superados na obtenção de diagnósticos corretos. O algoritmo errou em 6,6% dos casos. Isso interessa ao Brasil, onde ao menos um milhão de pessoas, entre diabéticos e idosos, apresentam elevado risco de apresentar degeneração da retina.

A opinião do Dr. Rubens Belfort Júnior, professor de oftalmologia da Unifesp, o ganho em qualidade é evidente: “Mesmo em países ricos a qualidade da análise nem sempre é boa, seja por despreparo, falta de tempo ou por desleixo”.

Mas em outros países o estágio é bem adiantado. O oftalmologista Kang Zhang diz que esse caminho é irreversível: “A chegada dos sistemas de diagnósticos baseados em Inteligência Artificial é inevitável. A nós, médicos, resta trabalhar e interagir com ela para fazer o futuro da medicina mais custo-efetivo e, além disso, prover um melhor cuidado”. Isso vale para outras profissões. Como o Direito, por exemplo.

O algoritmo não é uma ameaça, a não ser para quem não quer se atualizar e teima em ignorar que a 4ª Revolução Industrial mudou, de forma estrutural e profunda, a vida de todos nós.

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